O uso de implantes hormonais conhecidos como "chip da beleza" foi suspenso pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) no Brasil, em meio a crescentes preocupações sobre a saúde feminina. Inicialmente desenvolvido para tratar condições como endometriose, esse dispositivo, que contém hormônios como estrogênio e testosterona, tem sido adotado por algumas mulheres em busca de benefícios estéticos, como o aumento da massa muscular e melhorias na aparência.

Com o aumento da popularidade dessa prática, surgiram questionamentos em relação aos potenciais efeitos colaterais e, especialmente, ao possível risco de câncer, com estudos, como o Women's Health Initiative (WHI), sugerindo que a combinação de estrogênio e progesterona pode elevar os riscos de câncer de mama e trombose.

De acordo com a ginecologista Lia Cruz Damásio, embora o aumento do risco seja considerado pequeno em termos absolutos, a preocupação maior se concentra na utilização dos hormônios para fins estéticos, uma vez que esses procedimentos não dispõem de comprovação de segurança e eficácia. "É importante não confundir a terapia hormonal, que tem benefícios, com o uso indiscriminado desses hormônios em doses elevadas, como ocorre com os implantes manipulados", alerta a especialista.

O fato é que os implantes hormonais não possuem regulamentação adequada no Brasil, uma vez que não passaram por todos os processos de aprovação. A recente decisão da Anvisa, portanto, visa proibir a manipulação, comercialização e uso do "chip da beleza" devido a uma brecha legislativa que permitia a introdução de novos medicamentos sem a devida validação.

Damásio enfatiza que a indústria de manipulação estava criando combinações e dosagens que não haviam sido testadas, o que pode representar um risco significativo à saúde. "Temos poucos estudos considerando o uso de estradiol e testosterona através desses implantes, e isso não justifica uma liberação irrestrita para utilização em qualquer dose ou combinação", afirma.

Além disso, existem relatos de mulheres que, após o uso do chip, desenvolveram efeitos colaterais adversos, como alterações de humor, ganho de peso e problemas cardiovasculares. Estas preocupações ampliam a necessidade de uma discussão mais aprofundada sobre a segurança dessas práticas.

Com esse cenário, é vital que as mulheres busquem informações e consultem profissionais de saúde qualificados antes de considerar o uso de qualquer tipo de implante hormonal, especialmente para fins estéticos. A saúde deve sempre estar em primeiro lugar.