China dá um passo gigante na exploração do espaço aéreo até 3.000 metros!
2025-01-18
Autor: Maria
Em Xinjiang, as plantações de algodão estão se modernizando com a utilização de drones da XAG, de Guangzhou. Este avanço tecnológico tem sido um argumento contra as acusações dos Estados Unidos de que a região opera com 'trabalho forçado'. Com o uso de drones, apenas duas pessoas são capazes de gerenciar a produção de até 200 hectares de cultivo. Surpreendentemente, o Brasil se destacou como o maior mercado externo da XAG, com vendas anuais que chegam a milhares de dispositivos, segundo informações da própria empresa.
Casos de sucesso comercial como este estão impulsionando o próximo passo da China, que se resume na expressão 'economia de baixa altitude'. Ao todo, drones urbanos de entrega, táxis aéreos autônomos e até dirigíveis estão sendo desenvolvidos e testados para operar em rotas de até 3.000 metros de altura, um verdadeiro vislumbre do futuro que remete à famosa animação 'Os Jetsons', dos anos 60.
A Administração de Aviação Civil da China projeta que essa nova economia já alcance uma receita de impressionantes 2 trilhões de yuans (equivalente a R$ 1,7 trilhão) até 2030. Além disso, a Aliança da Economia de Baixa Altitude, que já conta com mais de 100 empresas, tem a meta de que o país possua cerca de 100 mil eVTOLs (veículos elétricos de decolagem e pouso vertical) até a mesma data, atuando tanto como táxis aéreos quanto veículos familiares.
Embora os dispositivos sejam impressionantes e garantam grandes manchetes, a verdadeira força dessa iniciativa está na infraestrutura que está sendo implantada. Mary Hui, especialista em competição industrial, observa que Pequim se destaca na construção de uma sólida base para esse setor promissor. A combinação de esforços nesse sentido visa não apenas garantir um crescimento estável do PIB, mas também colocar a China na vanguarda de uma indústria do futuro.
Analisando o setor, Kyle Chan, da Universidade Princeton, destaca que a nova economia se apoia em avanços já feitos na China em áreas como drones, 5G, inteligência artificial, baterias e tecnologias LiDAR, que são essenciais para a navegação autônoma. Ele observa que a XPeng, fabricante de veículos elétricos, deu um passo inovador ao iniciar a construção da primeira fábrica de produção em massa de eVTOL em Guangzhou, após a EHang ter se tornado a primeira empresa a obter licença para fabricar esses veículos.
O governo chinês programou para 2025 o início dos testes comerciais de eVTOLs em locais já em preparação, com a construção de infraestrutura essencial. A cidade de Xangai planeja ter 400 rotas de baixa altitude em operação até 2027, o que indica um crescimento rápido nesse setor.
Drones autônomos de entrega, que já são uma realidade em cidades como Shenzhen, também estão ganhando espaço em Pequim, que até então era mais conservadora na adoção de novas tecnologias. Um exemplo recente é a autorização para um serviço de entrega de bebidas e comidas na seção Badaling da Grande Muralha, que atrai milhões de turistas todos os anos.
Porém, o desafio não é apenas tecnológico. O desenvolvimento de um sistema nacional para gerenciar operações de veículos aéreos não tripulados exige uma coordenação cuidadosa entre as autoridades locais e nacionais. Chan ressalta a importância de integrar essa nova infraestrutura ao sistema de gerenciamento de tráfego aéreo existente no país.
Recentemente, a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma anunciou a criação de um órgão para coordenar as estratégias de desenvolvimento dessa nova economia. Um desenvolvimento curioso ocorreu em Pingyin, parte de Jinan, que leiloou o seu espaço aéreo por 30 anos a uma empresa que ofereceu 924 milhões de yuans (aproximadamente R$ 780 milhões) para explorar serviços de economia de baixa altitude, incluindo operações, manutenção e até treinamento de pilotos.
Esse projeto é visto como um indício da busca da China por novas fontes de receita, especialmente diante da crise imobiliária que o país enfrenta. Nos últimos cinco anos, o governo chinês tem se esforçado para evitar uma bolha no mercado imobiliário, o que impactou negativamente as finanças locais e, consequentemente, a economia do país.