
Chefe do Pentágono Almeja Cortar a 'Influência Chinesa' no Canal do Panamá
2025-04-08
Autor: Lucas
Na última terça-feira (8), Pete Hegseth, o Secretário de Defesa dos Estados Unidos, revelou em uma declaração impactante que o governo americano planeja retomar o controle sobre o Canal do Panamá, que ele alegou estar sob influência da China.
Essa declaração foi feita durante uma visita ao Panamá, onde Hegseth também prometeu fortalecer a segurança em colaboração com as forças panamenhas. Ele enfatizou que a China não deve ser permitida a "transformar o canal em uma arma", insinuando preocupações sobre espionagem associadas a empresas chinesas.
"Juntos, tomaremos o Canal do Panamá de volta da influência chinesa. A China não construiu, não opera e não usará este canal como uma arma. Com o Panamá na liderança, garantiremos que o canal permaneça seguro e acessível a todas as nações", afirmou Hegseth de forma decidida.
É importante destacar que mais de 40% do tráfego de contêineres dos EUA, avaliado em aproximadamente US$ 270 bilhões anualmente, transita pelo Canal do Panamá, representando mais de dois terços dos navios que passam diariamente por essa vital hidrovia interoceânica.
Enquanto Hegseth se concentrava em erradicar a influência chinesa, Donald Trump amplificou a preocupação, sem descartar a possibilidade de ações militares, se necessário.
Hegseth fez história ao ser o primeiro Secretário de Defesa dos EUA a visitar o Panamá em décadas. Sua visita ocorre em meio a relatos de que o governo Trump considera mobilizar militares americanos para garantir o acesso ao canal, que foi construído pelos EUA e entregue ao Panamá em 1999.
Na recepção, Hegseth se encontrou com o Ministro da Segurança Pública do Panamá, Frank Abrego, e teve reuniões privadas com o presidente José Raul Mulino e outras autoridades locais, discutindo a crescente influência da China na região.
"Historicamente, essa questão não tem sido um avanço para os Estados Unidos na diplomacia pública no Panamá", avaliou Ryan Berg, diretor do Programa das Américas no Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais.
Ademais, em fevereiro, o presidente do Panamá formalizou a decisão do país de se desvincular da Iniciativa Cinturão e Rota da China, e colaborou com Trump na repressão à migração, aceitando voos de deportação de não-panamenses e tomando medidas para conter a migração da América do Sul através da perigosa selva de Darien.
Durante sua visita, Hegseth elogiou a abordagem de Mulino, sublinhando que o governo tem compreensão da menace oferecida pela China. Contrariando as alegações de Trump de que a China opera no canal — um ponto negado até mesmo pelo chefe do Pentágono — especialistas reconhecem os riscos associados à espionagem decorrentes da presença comercial chinesa no Panamá.
A presença comercial da China, que inclui planos para construir uma nova ponte sobre o canal, acende alertas nas autoridades dos EUA, que vêem o Canal do Panamá como estratégico para a movimentação de navios de guerra durante potenciais conflitos no Pacífico.
Embora a China não consiga bloquear o canal, sua capacidade de monitorar o tráfego naval representa uma vantagem significativa. Por outro lado, o ex-embaixador dos Estados Unidos no Panamá, John Feeley, criticou as alegações do governo Trump, afirmando que não há justificativas legítimas para as pressões realizadas sobre o Panamá, que têm por base táticas de intimidação, sem que se comprove a violação de tratados pré-estabelecidos.
Mulino defendeu a administração panamenha do canal, destacando seu manejo responsável em relação ao comércio global, incluindo o comércio dos Estados Unidos. "O Canal do Panamá é, e continuará a ser, uma propriedade panamenha", afirmou, reafirmando o compromisso do Panamá em assegurar a integridade do canal em meio às atuais tensões geopolíticas.