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‘Cheeseheads': O Incrível Caminho do Queijo em Wisconsin e Seus Impactos na Economia Americana Atual

2024-10-29

Autor: Lucas

O estado de Wisconsin, localizado no noroeste dos EUA, é amplamente reconhecido como um dos maiores centros de produção de laticínios do país. O amor dos habitantes por queijo é tão profundo que ganharam o apelido carinhoso de “Cheeseheads” (cabeças de queijo), um título que eles mesmo adotaram com orgulho, especialmente durante eventos esportivos.

No passado, o queijo e o leite eram produtos locais, consumidos diretamente nas comunidades, mas com o passar dos anos, a indústria de laticínios passou por profundas transformações. O modelo tradicional de criação de vacas foi drasticamente alterado, com os animais sendo mantidos em espaços confinados, alimentados com ração em vez de pasto. Essa mudança não apenas aumentou a produção, mas também impactou a qualidade do leite e do queijo, gerando preocupações sobre o bem-estar animal e os produtos oferecidos ao consumidor.

A estimativa aponta que apenas cerca de 5% das fazendas ainda operam conforme o método antigo, mais natural, de criação de gado. Com a crescente pressão para otimização e eficiência, os agricultores enfrentam altos custos de investimento para modernizar suas instalações e maquinaria, competindo com grandes empresas que dominam o mercado de leite e queijo.

Joe Tomandl, um dos fazendeiros locais, ressalta a necessidade de eficiência. "Para produzir mais, precisamos de mais investimentos. Isso significa que a produção deve ser em grande escala para cobrir os custos", afirma. Essa busca por eficiência é impulsionada, em grande parte, pela globalização, que, desde os anos 1980, trouxe uma grande mudança para a economia americana, incluindo uma competição aguçada com mercados internacionais, especialmente após a entrada da China na economia global.

O economista e filósofo Eduardo Gianetti aponta que, ao longo de três décadas, o aumento da população e a competição mundial forçaram indústrias, como a de cortadores de grama, a repensarem seus métodos de produção. Fábricas agora empregam robôs que substituem uma quantidade considerável de trabalhadores, o que expõe um problema: a redução de marcas e a concentração do mercado em grandes indústrias.

Adicionalmente, a proliferação de máquinas e automação afetou negativamente os pequenos produtores, que têm dificuldade em acompanhar as grandes empresas que operam em larga escala. "A produção em massa resulta em preços mais baixos para o consumidor, mas os pequenos empresários enfrentam desafios quase insuperáveis para sobreviver", conclui Gianetti.

Esses dilemas apresentam um paradoxo para o chamado 'Sonho Americano'. Com o preço do trabalhador sendo cada vez mais reduzido, muitos americanos sonham com uma volta ao passado, um desejo capturado pela retórica de candidatos como Donald Trump, que prometeu 'fazer a América grande novamente'. Enquanto Trump elevou tarifas para proteger a indústria nacional, isso também elevou os preços ao consumidor.

Recentemente, a evolução tecnológica tem mostrado um futuro incerto para agricultores tradicionais. Inovações como cultivos hidropônicos e o uso de torres para aumentar a produção de vegetais, como alface, estão mudando a face da agricultura, dependendo menos da terra e mais da tecnologia.

Portanto, enquanto o queijo continua a ser um símbolo da identidade de Wisconsin, a evolução da produção lá, e em todo o país, ilustra as complexas interações entre tradição, inovação, e os desafios da globalização na formação da economia moderna. Para o futuro, o que será do queijo que representa não apenas um sabor, mas uma cultura e um modo de viver, à medida que as indústrias continuam a se adaptar a um mundo em constante mudança?