Nesta última madrugada, o esperado acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas finalmente entrou em vigor, após um atraso significativo de quase três horas. A pausa nos conflitos começou sob clima de tensão, com celebrações de palestinos na Faixa de Gaza, visivelmente aliviados pela trégua após meses de intensos combates.

O atraso se deu devido ao impasse na divulgação das primeiras reféns que seriam libertadas pelo Hamas, que alegou ‘razões técnicas’ para a demora na entrega das listas ao governo israelense.

O cessar-fogo, que teve seu início programado para as 8h30 no horário local, resultou em bombardeios israelenses em Gaza antes da implementação oficial da trégua. Finalmente, o Hamas divulgou os nomes de três mulheres que seriam devolvidas: Romi Gonen, Emily Damari e Doron Steinbrecher, que foram sequestradas em diferentes circunstâncias, incluindo um festival e em suas próprias residências.

O governo de Israel confirmou que a libertação das reféns começaria às 16h, horário local. Para essa operação, locais específicos foram preparados ao longo da fronteira com Gaza, incluindo cidades como Erez e Kerem Shalom.

O acordo de cessar-fogo é um resultado de quatro meses de conversações mediadas pelos Estados Unidos, Catar e Egito, e será implantado em três fases. Na fase inicial, 33 reféns do lado israelense serão liberados gradualmente em troca de um retrocesso das tropas israelenses na região de Gaza. Além disso, prisioneiros palestinos também serão soltos, embora a lista não inclua líderes de grupos como o Hamas.

Em meio a este acordo histórico, o fluxo de ajuda humanitária para Gaza deve aumentar consideravelmente, permitindo que até 600 caminhões por dia entrem na região, o que representa um triplo aumento comparado ao que era permitido durante o período mais agudo do conflito. A expectativa é de que o corredor de Rafah, que liga o Egito à Gaza, também contenha melhorias, possibilitando o acesso a tratamentos médicos fora do enclave.

Este não é o primeiro cessar-fogo firmado entre as duas partes desde o início do conflito em outubro de 2023. A primeira tregua, ocorrida no fim de novembro de 2023, foi de curta duração, durando apenas uma semana. As negociações atuais, no entanto, visam um acordo mais abrangente e duradouro.

À medida que as hostilidades diminuem, Israel e Hamas enfrentam o desafio de reconstruir não apenas infraestruturas, mas também a confiança. O debate sobre quem deverá governar Gaza após o cessar-fogo permanece em discussão, com Israel se opondo à retomada de liderança por parte do Hamas na região.

O desenrolar desse acordo pode marcar um ponto de virada crucial na busca por paz e estabilidade tanto para Israel quanto para a Palestina.