Catastrofismo: O Único Antídoto Contra o Aceleracionismo na Crise Climática?
2025-01-19
Autor: Mariana
Nos últimos anos, o catastrofismo tem despertado a preocupação de muitos militantes ambientais. Eles temem que essa visão negativa sobre a crise climática possa promover uma epidemia de conformismo e imobilismo. No entanto, não é exatamente isso que estamos testemunhando atualmente?
A verdadeira fonte da apatia que permeia a sociedade não resulta do catastrofismo, mas sim do aceleracionismo. Hoje, não estamos realizando os esforços necessários para conter as emissões de carbono na atmosfera; pelo contrário, estamos acelerando ainda mais o processo de aquecimento global. Com os efeitos das mudanças climáticas se intensificando, a população parece desprotegida, tal como se uma onda de tsunami estivesse prestes a atingir.
Nas últimas décadas, muitas vozes alertaram sobre a necessidade urgente de descarbonizar a economia e manter o aumento da temperatura global em 1,5°C. Entretanto, após uma série de anos com recordes de calor, a realidade é que não temos mais tempo a perder. Os eventos climáticos extremos se tornaram frequentes, e não podemos ignorar as enchentes, queimadas e secas que devastam habitats e comunidades ao redor do mundo.
A busca incessante por novas tecnologias, como a inteligência artificial (IA), traz um novo desafio: a demanda por energia. À medida que os centros de processamento de dados se expandem, a consequência direta é uma elevação exponencial no consumo energético — algo que já se reflete no cenário global. O mesmo se pode dizer sobre as criptomoedas, que consomem mais energia elétrica do que o Egito inteiro, um fenômeno alarmante considerando que 60% da eletricidade ainda provém de fontes fósseis.
Figura emblemática nesse contexto é Elon Musk, que, junto a outros magnatas da tecnologia como Mark Zuckerberg e Jeff Bezos, tem se aproximado de líderes políticos que promovem a exploração do petróleo, ignorando as advertências sobre a mudança climática. Essa sinergia entre negócios e política precisa ser olhada com cautela, pois a promessa de crescimento econômico às custas do planeta nunca teve resultados favoráveis.
Contudo, isso não significa que o fim da humanidade esteja próximo, como alguns catastrofistas podem acreditar. A história nos ensina que a espécie humana, mesmo diante de desafios monumentais, sempre encontrou maneiras de perseverar, mesmo que isso signifique uma alta perda de vidas.
Uma pesquisa publicada no periódico Communications Earth and Environment, de 16 de outubro, demonstra que a capacidade humana de adaptação a ambientes hostis é anterior à nossa própria espécie, remontando a mais de um milhão de anos atrás. As populações de Homo erectus na Tanzânia, por exemplo, desenvolveram ferramentas e migraram em busca de água potável, mostrando que a inovação e a criatividade são chaves para a sobrevivência.
Embora a tecnologia e inovações possam nos oferecer soluções, depender exclusivamente da colonização de Marte, como alguns líderes acreditam, seria no mínimo um risco imprudente. Mesmo que a colonização espacial seja uma possibilidade remota, a questão continua: quantos realmente conseguirão escapar para esses novos mundos, se a Terra se tornar um lugar inabitável? É hora de agir antes que seja tarde demais.