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Campos Neto: "Cortes de Gastos Urgentes são Imperativos para a Saúde Fiscal do Brasil!"

2024-11-14

Autor: Ana

A 48 dias de deixar o comando do Banco Central, Roberto Campos Neto está pedindo pressa ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para que um conjunto de medidas de corte de gastos seja apresentado o quanto antes. Ele afirma que o país enfrenta um desafio urgente: reverter a deterioração da percepção de risco do Brasil no mercado internacional.

Em entrevista à Folha, Campos Neto enfatiza que é essencial cortar despesas "na carne" já em 2025. Para ele, essa ação precisa ser acompanhada de medidas que demonstrem que o novo arcabouço fiscal será mais sustentável a longo prazo. A urgência dessas medidas, segundo ele, é crucial, pois atrasos podem resultar em "cicatrizes" na economia, como investimentos perdidos.

Após a divulgação da ata do Copom, Campos Neto descartou a possibilidade de uma aceleração na alta dos juros e explicou que o colegiado não está pronto para indicar os próximos passos. Ele destacou que há um entendimento de que as medidas estruturais são necessárias para garantir a estabilidade fiscal.

No campo das reformas, Campos Neto se mostrou crítico em relação ao debate sobre a mudança na jornada de trabalho, considerando-a um retrocesso. Ele argumentou que o progresso deve vir por meio de melhorias estruturais, como as já implementadas que reduziram o desemprego. O presidente do BC acredita fortemente que a reforma trabalhista durante o governo Temer contribuiu para a diminuição das taxas de desemprego.

Em relação ao crescimento econômico, ele observou que o caminho a seguir deve incluir um corte substancial de gastos, e, por isso, as estimativas variam entre R$ 30 bilhões e R$ 50 bilhões em 2025. Porém, ele alertou que se as medidas de revisão de gastos forem consideradas superficiais, há o risco de uma taxa de juros mais alta no futuro.

O tempo, segundo Campos Neto, é um fator crucial nas decisões de política econômica. Ele lamenta que, à medida que as medidas esperadas não são adotadas, os preços no mercado pioram, criando uma espiral negativa que pode ser difícil de reverter. Campos Neto lembra que, mesmo que a situação melhore, as consequências de uma deterioração anterior podem deixar marcas duradouras na economia.

Enquanto a expectativa de cortes de gastos e reformas segue, as declarações de Campos Neto revelam um clima de apreensão sobre a saúde fiscal do Brasil. O desafio de implementar ações rápidas, relevantes e estruturais está colocado na mesa do governo, demandando uma resposta eficiente e decisiva para enfrentar os desafios econômicos que se avizinham.