
Cade Investiga Venda de Minas de Níquel para Empresa Chinesa
2025-08-27
Autor: Gabriel
Cade Abre Processo para Investigar Venda Bilionária
O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) deu início a um processo administrativo hoje, 26 de agosto de 2025, para avaliar a venda dos ativos de níquel da Anglo American no Brasil para a MMG, uma subsidiária da gigante estatal chinesa China Minmetals.
Essa investigação surge em meio a polêmicas, já que o negócio foi fechado por US$ 500 milhões, mesmo com a Corex Holding, ligada ao grupo turco Yildirim, afirmando ter apresentado uma proposta de US$ 900 milhões.
Risco de Concentração de Mercado
A Corex contesta o acordo no Brasil e também na União Europeia, argumentando que isso pode resultar em uma concentração de mercado prejudicial, ameaçando a segurança de suprimentos para países ocidentais. O níquel é um insumo estratégico utilizado em baterias, veículos elétricos e na produção de aço inoxidável.
A operação inclui complexos em Barro Alto e Codemin, em Goiás, bem como projetos de exploração em Morro Sem Boné (MT) e Jacaré (PA). Com essa aquisição, a MMG passa a controlar mais de 50% do mercado nacional de níquel e quase 100% do mercado de ferro-níquel, o que amplia ainda mais a influência chinesa em um material crucial.
Geopolítica em Jogo
Segundo a Corex, essa venda poderia consolidar ainda mais a posição da China no setor, pois empresas sob controle do governo chinês já alcançam quase metade do fornecimento global de níquel.
No Brasil, o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) também está investigando possíveis violações relacionadas à compra de terras por estrangeiros, uma vez que os ativos estão localizados em áreas sensíveis.
Preocupações e Reações
A Corex argumentou ao Incra que é contraditório que o Brasil, rico em recursos minerais estratégicos, permita a exploração sistemática dessas riquezas por agentes estrangeiros sem o desenvolvimento adequado de sua própria cadeia produtiva.
Nos EUA, o AISI (Instituto Americano do Ferro e do Aço) pediu ao governo Biden que pressione o Brasil a reconsiderar o acordo, alegando que essa operação aumenta a dependência global da China em minerais críticos.
A Resposta das Empresas
A Anglo American declarou que a venda faz parte de sua estratégia de focar em cobre, minério de ferro e nutrientes agrícolas. Por outro lado, a MMG assegurou que atenderá a todas as exigências regulatórias e que a transação é uma grande oportunidade para funcionários, comunidades locais e acionistas.
O Cade agora avaliará se essa aquisição impacta a concorrência e quais consequências econômicas e geopolíticas dela podem advir. O órgão pode aprovar, impor restrições ou vetar a operação.