Nação

'Breque dos apps': em ato em SP, entregadores exigem melhores condições de trabalho

2025-03-31

Autor: Ana

Em um grande ato realizado em São Paulo, organizadores do 'breque dos apps' apontam a precarização do trabalho como a principal motivação para a paralisação e exigem um aumento significativo na remuneração dos entregadores. Segundo Junior Freitas, uma das lideranças do movimento, "a precarização é uma realidade com a qual lidamos há muito tempo, e a remuneração que recebemos é que define quanto tempo precisamos trabalhar nas ruas, enfrentando riscos diários".

A greve nacional, que já conta com a adesão de trabalhadores de 59 cidades, tem quatro pautas centrais: a definição de uma taxa mínima de R$ 10 por corrida; o aumento da remuneração por quilômetro rodado de R$ 1,50 para R$ 2,50; a limitação da atuação das bicicletas a um raio máximo de três quilômetros; e o pagamento integral de cada um dos pedidos nos casos em que diversas entregas são agrupadas na mesma rota.

Além de São Paulo, o protesto ganhou força em pelo menos 18 capitais, incluindo Maceió, Manaus, Belém, Salvador, Fortaleza, Goiânia, Brasília, Belo Horizonte, João Pessoa, Natal, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Florianópolis, Curitiba, Porto Velho, Cuiabá e São Luís.

A Amobitec (Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia), que representa empresas como iFood, 99, Uber e Zé Delivery, afirmou em nota que "respeita o direito de manifestação" e mantém canais de diálogo contínuo com os entregadores. A associação também declarou seu apoio em regular o trabalho intermediado por plataformas digitais, visando garantir a proteção social dos trabalhadores.

As empresas buscam um equilíbrio entre as demandas de entregadores e usuários. A Amobitec ressalta que suas associadas operam modelos de negócios que tentam atender tanto os interesses dos entregadores, que dependem dos aplicativos para gerar renda, quanto a necessidade dos consumidores por soluções acessíveis de delivery.

O iFood já está avaliando um novo reajuste de taxas para 2025, embora os novos valores ainda estejam em análise. A empresa afirmou que tem atualizado os valores da taxa mínima paga e da remuneração por quilômetro, que subiu de R$ 5,31 em 2022 para R$ 6,50 em 2023. Também foi mencionado que um adicional de R$ 3,00 por entrega extra em rotas agrupadas foi introduzido no passado.

De acordo com a pesquisa realizada pelo Cebrap em 2023, o ganho bruto por hora trabalhada no iFood é quatro vezes maior do que o salário mínimo-hora nacional. Nos últimos dois anos, os ganhos líquidos médios na plataforma foram 2,2 vezes superiores ao salário mínimo. Apesar das reivindicações, o iFood ainda se declara disponível para dialogar com os entregadores, buscando melhorias para toda a categoria.