
BRB Pode Ajustar Preço do Master Após Auditoria; Surpreensões no Setor Bancário
2025-03-30
Autor: João
O setor financeiro está em alvoroço após o Banco de Brasília (BRB) anunciar a possibilidade de ajustar o preço de suas ações no Master, um ativo que vem ganhando destaque significativo nos últimos anos. Com um estoque de títulos no mercado que ultrapassa os R$ 70 bilhões, onde cerca de R$ 50 bilhões são considerados elegíveis para a cobertura do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), o futuro do Master se torna uma questão crucial para os bancos privados.
Nos últimos anos, o Master atraiu investimentos substanciais, tornando-se um pilar do setor financeiro, com funding baseado principalmente em Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) a um custo médio de 120% do CDI. Essa crescente atratividade também gerou preocupações, especialmente entre os grandes bancos, que têm uma avaliação mais rigorosa sobre ativos como precatórios e participações em empresas - uma área que não foi incluída na transação atual com o BRB.
As especulações sobre um desenho alternativo para a estrutura do Master foram levantadas, com o BTG Pactual liderandoDiscussões sobre uma combinação de compra de ativos e capitalização. Inicialmente, a expectativa era de que a transação resultasse em uma mudança de controladoria do Master, mas as negociações não avançaram como esperado. “É surpreendente ver um problema privado sendo transformado em uma questão estatal”, comentou um executivo próximo às conversas.
Com o BRB se tornando sócio majoritário do Master, detendo 58% do capital total, a dinâmica de controle permanece complexa, uma vez que Daniel Vorcaro, atual proprietário, mantém a maioria das ações com poder de voto. O CEO do BRB, Paulo Henrique Costa, enfatiza que “é fundamental essa estrutura, pois uma estatização total não seria benéfica” e garantiu que haverá um acordo de acionistas que permitirá ao BRB participar de todas as decisões de governança.
O acordo estabelece que BRB e Master alternarão a indicação de CEO e chairman a cada dois anos. Nos primeiros anos, Vorcaro continuará como chairman, enquanto o BRB deve indicar um executivo para a presidência, embora o nome ainda não tenha sido definido. A situação mostra a delicadeza e a complexidade envolvidas na governança dessa nova entidade.
Daniel Vorcaro, em declarações recentes, afastou a ideia de que o Master estivesse à beira de uma intervenção ou liquidação, mas admitiu que a pressão era intensa. “Estamos lidando com muitas desinformações sobre o banco, e a mudança nas regras do FGC complicou a nossa estrutura de funding”, afirmou, ressaltando que a união com o BRB representa uma virada estratégica.
Enquanto a transação é discutida, fontes do setor financeiro ressaltam que o BRB poderia enfrentar desafios consideráveis sem o controle total do Master, levantando preocupações sobre a efetividade da operação a longo prazo. O governador do DF, Ibaneis Rocha, é um defensor da operação, mas o banco reitera que não há ligação política envolvida.
Além disso, houve tentativas passadas de capitalização pelo BRB, que estava buscando formas de fortalecer sua estrutura financeira antes mesmo dessa transação com o Master, uma vez que enfrenta uma situação de Basileia apertada. As críticas sobre a condução do Banco Central também surgem, com membros do setor questionando a aprovação de aquisições em momentos de incerteza.
Com um futuro tão incerto, a combinação de ambos os bancos poderá redefinir o cenário financeiro e de crédito no Brasil. Observadores do setor continuam em vigilância, ansiosos para ver como essas mudanças afetarão a dinâmica do mercado e a confiança dos investidores.