
Brasil x Paraguai: O Polêmico Impasse sobre Itaipu e a Acusação de Espionagem Cibernética
2025-04-02
Autor: Carolina
Um funcionário da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) fez uma declaração impactante à Polícia Federal, revelando que a gestão atual do órgão federal esteve envolvida em operações de invasão hacker a sistemas da Presidência da República e do Congresso do Paraguai, além de outras autoridades que participam das negociações sobre a usina de Itaipu.
O governo paraguaio já se manifestou, exigindo esclarecimentos sobre essas alegações e a situação provocou um grande alvoroço nas tratativas sobre a comercialização da energia gerada pela usina.
🌍 De fato, Brasil e Paraguai são co-proprietários da usina hidrelétrica de Itaipu, que está em operação desde 1984, localizada na fronteira entre os dois países, com a parte brasileira situada no estado do Paraná.
O Que Foi Revelado Sobre o Suposto Ataque?
O funcionário da Abin relatou que os ataques a sistemas do Paraguai começaram durante o governo de Jair Bolsonaro e continuaram na atual gestão de Lula, com a permissão dos diretores da Abin. Ele mencionou o uso de ferramentas de intrusão sofisticadas, como Cobalt Strike, e estratégias de engenharia social para hackear senhas e acessar dados críticos de autoridades paraguaias.
Essa invasão abrangeu os sistemas do Congresso paraguaio (Senado e Câmara) e da Presidência da República, e as operações foram realizadas a partir de servidores no Panamá e no Chile, aprovado pela alta cúpula da Abin.
Qual a Importância do Anexo C?
O depoimento indica que a intenção por trás do ataque era obter informações sigilosas ligadas ao Anexo C do Tratado de Itaipu, que dispõe sobre as condições financeiras e de prestação de serviços de eletricidade da usina. Este Anexo C estabelece a fórmula para o cálculo do preço da energia e foi projetado para ser revisado após 50 anos de vigência, um prazo que se encerrou em 2023, com a quitação do financiamento da usina.
Neste momento, Brasil e Paraguai estão em negociações para definir novas condições de comercialização da energia, incluindo a possibilidade de o Paraguai vender o excedente no mercado livre, enquanto o Brasil busca revogar a obrigação de compra da energia por parte das distribuidoras das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
Como o Governo Lula Reagiu?
Após as alegações surgirem, o governo brasileiro emitiu uma nota conjunta confirmando que as operações de espionagem tiveram início em junho de 2022, ainda sob a administração Bolsonaro, e foram encerradas em março de 2023, quando o governo Lula foi informado. O chanceler brasileiro, Mauro Vieira, conversou com o ministro paraguaio, negando que o novo governo tenha iniciado a prática de espionagem, embora tenha admitido a decisão da administração anterior.
E a Reação do Paraguai?
O ministro paraguaio Javier Giménez García de Zúñiga, responsável pelas negociações sobre Itaipu, indicou que os diálogos estão suspensos até que o Brasil esclareça a situação. O Ministério das Relações Exteriores do Paraguai enfatizou que não há evidências concretas de que o Brasil tenha conseguido efetivamente invadir os sistemas para obter informações, embora afirmem que investigações estejam em andamento.
Em um desenvolvimento bastante preocupante, na terça-feira (1º), o vice-ministro de Relações Exteriores do Paraguai, Víctor Verdún, convocou o embaixador do Brasil em Assunção para prestar esclarecimentos sobre as operações de inteligência que envolvem autoridades paraguaias.
Esses acontecimentos não apenas colocam em xeque a relação entre Brasil e Paraguai, mas também levantam questões sérias sobre a ética em operações de espionagem entre países vizinhos. A tensão se intensifica à medida que ambos os lados esperam por explicações claras e ações concretas que possam restabelecer a confiança nas relações bilaterais.