
“Brasil escutou verdades”, afirma presidente paraguaio após reunião tensa com Lula
2025-04-08
Autor: Gabriel
Em uma entrevista polêmica, o presidente do Paraguai, Santiago Peña, revelou que o encontro realizado em Brasília em janeiro de 2024 com Luiz Inácio Lula da Silva foi marcado por "verdades contundentes". Segundo os relatos de Peña, a reunião para discutir as tarifas da usina hidrelétrica binacional de Itaipu foi tão intensa que ele saiu "quase batendo a porta".
Durante a negociação, o tema central foi a tarifa que o Brasil paga pela energia excedente da hidrelétrica de Itaipu, que é vendida pelo Paraguai. Peña ressaltou que o Brasil ficou surpreso com as verdades que, segundo ele, nunca haviam sido ditas diretamente a um presidente brasileiro anterior.
"Saímos realmente quase batendo a porta. Durante aquela semana, não obtivemos nenhuma resposta e muitos poderiam ter entrado em pânico. No entanto, se não tivéssemos adotado essa postura firme, talvez nunca teríamos conseguido aumentar a energia em benefício do Paraguai em maio", revelou o presidente paraguaio em entrevista à Rádio Monumental.
As declarações de Peña emergem em um contexto de crise diplomática entre Brasil e Paraguai, acentuada por recentes revelações sobre suposta espionagem pela Agência Brasileira de Inteligência (ABIN). Ele convocou seu embaixador em Brasília para consultas e exigiu esclarecimentos detalhados do governo brasileiro, além de suspender as negociações do Anexo C do tratado de Itaipu.
O Itamaraty, por sua vez, afirmou que a operação de inteligência foi autorizada em 2022, mas cancelada em 2023, assim que a nova administração soube do ocorrido. Entretanto, Peña insistiu que o Paraguai não vê a espionagem como um ato de governo, mas como uma intromissão direta em seus assuntos internos, o que ignora a soberania nacional.
Apesar da tensão, Peña admitiu que ainda não teve contato direto com Lula após o desentendimento. Questionado se a suspensão da negociação do Anexo C seria benéfica para o Paraguai, ele enfatizou a importância de defender a soberania do país a qualquer custo.
O presidente paraguaio também lembrou que, ao longo da história, muitos paraguaios enfrentaram o medo diante de pressões de brasileiros, argentinos e outras nacionalidades, mas defende que é preciso ter coragem e ousadia para garantir o desenvolvimento do Paraguai. "É hora de agir e lutar pelo que é nosso!", afirmou ele, numa chamada à unidade nacional.