Bradesco (BBDC4): Recuperação Interrompida? Entenda a Queda de 4,4% Após o 3T24
2024-10-31
Autor: Pedro
A recuperação do Bradesco (BBDC4) foi interrompida? Essa foi a questão que pairou sobre os investidores após os resultados do terceiro trimestre de 2024 (3T24), divulgados na manhã desta quinta-feira (31). De acordo com a análise da corretora XP, o banco apresentou resultados mistos, que, embora em grande parte alinhados com as expectativas do mercado, sugerem que a recuperação não está sendo tão linear quanto se desejava. Na abertura do pregão, as ações BBDC4 já apresentavam uma desvalorização de mais de 4%, enquanto o fechamento foi ainda pior, com uma queda acentuada de 4,39%, a R$ 14,37.
O lucro líquido reportado foi de R$ 5,2 bilhões, 2% abaixo das estimativas da XP, mas dentro do consenso do mercado. Para comparação, as previsões de analistas compiladas pela Lseg apontavam um lucro médio esperado de R$ 5,14 bilhões para o Bradesco entre julho e setembro. Quando comparado ao segundo trimestre, o lucro apresentou um aumento significativo de 10,8%.
Além disso, o banco manteve sua trajetória de recuperação de lucratividade, alcançando um ROE (Retorno sobre o Patrimônio Líquido) de 12,4%, um aumento em relação aos 11,4% do trimestre anterior e 11,3% do ano passado. Algo positivo foi a aceleração observada na carteira de crédito, que cresceu 3,5% em relação ao trimestre anterior, embora ainda se mantenha na faixa inferior das projeções anuais. Por outro lado, o NII (margem financeira) apresentou um desempenho mais discreto, com um crescimento de apenas 2% trimestralmente e uma queda de 1% em comparação ao ano anterior.
Os produtos de seguros e tarifas foram um destaque positivo, contribuindo para o faturamento total do banco. Outro ponto relevante foi a diminuição expressiva do custo do risco, que caiu 2% em relação ao 2T24 e surpreendeu, registrando uma redução de 13% em comparação ao que era estimado pela XP.
Os indicadores de qualidade de crédito mostram sinais encorajadores, com a taxa de inadimplência (NPLs) acima de 90 dias caindo para 4,2%, uma queda em relação aos 5,6% de um ano atrás e 4,3% no segundo trimestre deste ano.
Entretanto, os analistas da XP alertam que mesmo com a confirmação da tendência de recuperação, o crescimento esperado parece estar mais lento e os desafios macroeconômicos podem atrasar essa recuperação no crédito. A teleconferência após os resultados será um momento importante para entender melhor os direcionamentos do banco.
Marcelo Noronha, CEO do Bradesco, reafirmou a confiança na qualidade do crédito do banco, esperando que a inadimplência continue em queda, mesmo que em um ritmo mais lento. "Estamos ajustando a inadimplência, e ela continuará a cair, essa é nossa expectativa", declarou, enfatizando a melhora em todos os segmentos da carteira.
Por outro lado, a Genial Investimentos teve uma avaliação mais otimista sobre os resultados, destacando que eles refletem as transformações positivas em curso para elevar a rentabilidade do banco. Em relação às agências, o Bradesco continua reduzindo sua presença física, totalizando 2.355 agências, uma redução de 6,1% em um trimestre e 14,4% na comparação anual.
No que diz respeito a despesas, os custos administrativos subiram significativamente, com um aumento de 4% em relação ao trimestre anterior e 12,1% em relação ao mesmo período do ano passado, resultante de um maior volume de contratações e da incorporação da Cielo. Apesar disso, as provisões para créditos (PDD) se mostraram bem controladas, com uma queda de 2,2% trimestralmente.
JPMorgan, por sua vez, destacou que as taxas de serviço superaram as expectativas, e houve um provisionamento melhor relacionado à nova formação de inadimplência. Contudo, o NII total é visto de forma negativa, sendo uma explicação para a pressão maior devido a um “mix” mais seguro de produtos e clientes.
Em resumo, os resultados do Bradesco refletem um cenário misto, com perspectivas tanto otimistas quanto pessimistas, sugerindo um acompanhamento rigoroso dos próximos movimentos do banco no mercado.