A imprensa internacional destaca a decisão da Justiça brasileira de tornar Jair Bolsonaro e outros ex-integrantes de seu governo réus, sob a acusação de tentativa de golpe de Estado, ocorrida na quarta-feira (26/03). O jornal americano The New York Times descreveu essa ação como um "esforço significativo para responsabilizar Bolsonaro por suas tentativas de desmantelar a democracia brasileira".

A investigação revelou que o Brasil esteve próximo do retorno a uma ditadura militar, uma realidade que muitos temiam décadas atrás. A operação dos juízes do Supremo Tribunal Federal foi resultado de dois anos de investigações, que incluíram invasões de residências, prisões de aliados de Bolsonaro e confissões que podem mudar o rumo do julgamento.

Acusações indicam que Bolsonaro e seus aliados semearam desconfiança sobre a integridade das urnas eletrônicas brasileiras, estratégia que visa familiarizar os brasileiros com a ideia de fraudes eleitorais, um discurso que se intensificou nas eleições de 2022 onde Bolsonaro alegou que só poderia perder se houvesse manipulação.

Caso seja condenado, Bolsonaro pode enfrentar penas que variam de 12 a 40 anos de prisão. Isso criaria um obstáculo significativo para seu retorno ao poder, incluindo a inelegibilidade permanente sob a legislação atual.

Com a mira em Donald Trump, Bolsonaro e seus filhos buscam apoio nos EUA. Na última semana, Eduardo Bolsonaro anunciou planos de pedir asilo político, visando mobilizar a influência de Trump contra o que ele alega ser uma perseguição injusta ao seu pai.

Analistas políticos do Wall Street Journal indicaram que o julgamento de Bolsonaro pode intensificar ainda mais as tensões no Brasil, um país já dividido. Surpreendentemente, uma recente pesquisa revelou que Bolsonaro poderia vencer uma disputa presidencial contra Lula, especialmente em um cenário onde a aprovação do atual presidente caiu para níveis alarmantes.

Vários especialistas já buscam entender como essa conturbação política pode afetar o futuro eleitoral do Brasil. Bolsonaro está se articulando para manter relevância política, potencialmente tentando lançar um aliado de direita na próxima eleição, que poderia inocentá-lo em um futuro próximo.

No Reino Unido, o The Guardian comentou que os distúrbios de 8 de janeiro, associados ao julgamento que levou à condição de réu de Bolsonaro, foram ações planejadas que visavam sua volta ao poder através de tumultos que justificariam uma intervenção militar. A publicação sugere que a melhor chance de sobrevivência política de Bolsonaro reside na eleição de um aliado que possa perdoá-lo.

Em paralelo, o Financial Times assinalou que o julgamento deve começar em breve, e há uma expectativa crescente de um veredito até o final do ano. Enquanto isso, Bolsonaro tem solicitado ajuda internacional para evitar o que classifica como um deslizamento do Brasil para uma ditadura. Este contexto tenso se desenrola simultaneamente a um panorama eleitoral que promete ser tumultuado, especialmente com a sombra constante do passado político autoritário do país.