Nação

Bicheiro Rogério Andrade é transferido para presídio federal no Mato Grosso do Sul

2024-11-12

Autor: João

Transferência de Rogério Andrade

Rogério Andrade, notório bicheiro e patrono da Mocidade Independente de Padre Miguel, foi transferido na manhã desta quarta-feira (6) da Penitenciária de Segurança Máxima Laércio Pellegrino, popularmente conhecida como Bangu 1, no Complexo de Bangu, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, para um presídio federal em Mato Grosso do Sul. Essa ação faz parte da Operação Último Ato, realizada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio de Janeiro (Gaeco/MPRJ).

Acusações e Regime de Prisão

Acusado de ser o mandante do assassinato de seu rival, Fernando de Miranda Iggnácio, em 2020, a transferência de Andrade havia sido negociada anteriormente entre o Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ) e a Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen). Rogério ficará sob o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), um regime de maior rigor que visa isolar os presos que são considerados periculosidade elevada e que tenham vínculos com organizações criminosas.

Escolta e Transferência

A escolta do bicheiro foi feita por 4 viaturas do Serviço de Operações Especiais (SOE) da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) até a Base Aérea do Galeão, onde uma aeronave da Polícia Federal o aguardava para completar a transferência. A troca de estabelecimento penal acontece após uma série de decisões na justiça que negaram pedidos de habeas corpus feitos por sua defesa.

Relação Familiar e Rivalidade

Rogério Andrade é sobrinho do famoso contraventor Castor de Andrade, que liderava o jogo do bicho no Rio e faleceu em 1997. A rivalidade entre Rogério e Iggnácio começou a se intensificar no final dos anos 90, quando Andrade começou a adentrar no mercado das máquinas de caça-níqueis, desencadeando uma violenta guerra familiar que resultou em diversas mortes relacionadas ao tráfico de drogas e ao jogo ilegal.

Denúncia e Novas Investigações

Em 2021, o MPRJ havia formalizado a denúncia de Rogério pela execução de Fernando Iggnácio, porém em fevereiro de 2022, o STF arquivou o caso por falta de provas. Recentemente, novas investigações trouxeram à luz não apenas a ligação de Andrade na morte de Iggnácio, mas também a identificação de um cúmplice, Gilmar, que teria monitorado a vítima até o crime ser consumado.

Situação Atual e Implicações

Em abril deste ano, Andrade havia conseguido retirar sua tornozeleira eletrônica, que o monitorava desde a 2ª fase da Operação Calígula, realizada em 2022. Nessa operação, Andrade e seu filho Gustavo foram alvos, e o contraventor estava na lista dos procurados da Interpol. A suposta organização criminosa, da qual Andrade era chefe, envolvia também figuras notórias como o ex-PM Ronnie Lessa, condenado pelo assassinato da vereadora Marielle Franco.

Movimento Estratégico das Autoridades

À medida que as investigações avançam, a atual medida de transferência pode ser vista como um movimento estratégico das autoridades para aumentar a pressão sobre as organizações criminosas no estado e interromper o ciclo de violência que permeia o tráfico e os jogos ilegais. O futuro de Rogério Andrade na cadeia depende agora de sua atuação em um ambiente severamente controlado, longe de sua influência nos negócios ilícitos.