Marina e sua Jornada de Autodescoberta

A revisora de textos e tradutora Marina Ávila Birriel, de 34 anos, sempre sentiu que era diferente, mas não sabia o porquê. A busca por ajuda começou aos 18 anos, após enfrentar intensas questões emocionais. Apesar das consultas com psiquiatras, seu diagnóstico permaneceu incerto por anos.

"Acreditava que minhas experiências eram comuns a todos. Ninguém nunca apontou que havia algo diferente em mim", conta Marina. Sua vida mudou durante a pandemia, quando um familiar foi diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Desde então, tudo começou a fazer sentido.

O Crescimento da Identificação do Autismo em Adultos

A história de Marina não é única. Especialistas notam um aumento nas identificações de adultos com características autistas, especialmente devido à maior visibilidade e aceitação do tema. Abril Azul, mês dedicado à conscientização sobre o autismo, serve como um lembrete da importância de discutir esses casos.

Mudanças nos critérios diagnósticos, mais conhecimento entre profissionais e uma sociedade menos estigmatizada estão tornando o diagnóstico mais acessível. Recentemente, a atriz Letícia Sabatella também se revelou autista, expondo a questão e motivando mais adultos a buscarem diagnóstico.

Reconhecendo os Sinais do Autismo

Assim como Marina, muitos adultos se voltam ao consultório médico ao reconhecê-los em si e na família. O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) descreve critérios como dificuldades na interação social, obsessões com rotinas e interesses extremamente específicos.

Esses sinais podem se manifestar de maneiras distintas, tornando o diagnóstico desafiador. O transtorno é considerado se os sintomas impactarem negativamente a vida pessoal, social e profissional da pessoa.

Níveis de Autismo: Entenda o Espectro

O autismo é classificado em níveis, onde adultos frequentemente se situam no nível 1, podendo levar uma vida funcional. No entanto, a transição para o mercado de trabalho muitas vezes revela desafios inesperados.

Wyllians Borelli, neurologista, observa que muitos adultos com traços autistas conseguem camuflar seus sintomas, mas ao buscarem cuidar de si, começam a entender o que realmente enfrentam.

A Importância do Tratamento e da Terapia

O tratamento do autismo em adultos não se limita a medicamentos; o foco é entender e gerenciar os sintomas com abordagens terapêuticas. Se houver condições associadas, como ansiedade ou depressão, o acompanhamento médico pode incluir prescrição de remédios.

A psicóloga especialista Lara Rodrigues, também autista, observa um aumento na busca por diagnósticos, especialmente por mulheres adultas que frequentemente foram negligenciadas em sua infância.

A História Transformadora de Marina

O diagnóstico foi crucial para Marina, permitindo que ela encontrasse estratégias para lidar com desafios diários. Embora consiga, em parte, esconder suas características em interações sociais, ela reflete sobre o custo desse esforço.

Marina compartilha que em eventos sociais intensivos, sua saúde fica comprometida. Mesmo assim, ela valoriza essas experiências, pois acredita que são essenciais para vivenciar as boas coisas da vida.

Desvendando o Autismo: O Que Fazer em Caso de Suspeita?

Se você suspeita de autismo, a recomendação é procurar um psiquiatra ou neurologista. Um diagnóstico preciso é essencial e, muitas vezes, envolve uma avaliação neuropsicológica para descartar outros transtornos.

Lara Rodrigues enfatiza a necessidade de profissionais capacitados que entendam as particularidades dos autistas, propondo um tratamento inclusivo e humanizado.

Desafios ainda Persistem no Sistema de Saúde

Apesar do crescente reconhecimento do autismo, há uma deficiência significativa no suporte e no tratamento adequado, especialmente para aqueles diagnosticados tardiamente. O acesso à saúde mental de qualidade continua a ser uma batalha.

Os esforços para melhor identificar, acolher e tratar pessoas no espectro autista são essenciais para promover uma inclusão verdadeira na sociedade.