Um Perigo Silencioso: As Quedas entre Idosos

Caminhar com o cachorro, uma atividade tão simples, tornou-se arriscada para Earl Vickers, um engenheiro elétrico aposentado de 69 anos. Ele costumava passear com Molly, sua cadela, pelas praias da Califórnia, mas começou a enfrentar dificuldades para se manter em pé. "Caí tantas vezes que parecia uma rotina", desabafa.

A situação de Vickers não é um caso isolado. Especialistas alertam que os idosos estão cada vez mais expostos a quedas, e a situação tem se agravado ao longo dos anos. Em 2023, mais de 41 mil americanos com mais de 65 anos perderam a vida devido a quedas, segundo dados alarmantes dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).

Causas Preocupantes Para o Aumento da Mortalidade

De acordo com o epidemiologista Thomas Farley, a taxa de mortalidade relacionada a quedas entre os idosos triplicou nos últimos 30 anos. Para aqueles com mais de 85 anos, o cenário é ainda mais alarmante: as taxas dispararam para 339 por 100 mil em 2023, comparado a apenas 92 por 100 mil em 1990.

Farley acredita que a dependência excessiva de medicamentos prescritos seja um dos principais fatores desse aumento. "Os idosos estão sendo medicados de forma inadequada, o que não ocorre em outros países como Japão e nas nações da Europa", afirma.

Medidas que Não Têm Funcionado

Apesar de haver um aumento na conscientização e iniciativas para reduzir as quedas, como as diretrizes de prevenção da Sociedade Americana de Geriatria e o programa STEADI lançado pelo CDC, resultados efetivos têm sido limitados. O psiquiatra geriátrico Donovan Maust, da Universidade de Michigan, afirma que os esforços não têm sido particularmente bem-sucedidos, e o problema só parece piorar.

Medicamentos: Vilões ou Coadjuvantes?

Os especialistas estão divididos sobre o papel dos medicamentos neste cenário. Farley defende que as quedas não podem ser atribuídas apenas aos medicamentos, pois fatores como problemas físicos e visuais também contribuem, mas a preocupação com a prescrição inadequada é clara.

Os chamados FRIDs (medicamentos que aumentam o risco de queda) têm seu papel nesta crescente mortalidade. Benzodiazepínicos e opioides, por exemplo, estão entre os culpados, pois provocam sonolência e tontura. Thomas Gill, geriatra da Universidade Yale, acrescenta que, embora os medicamentos tenham um impacto significativo, há também outras explicações para o aumento nas taxas de mortalidade.

O Caminho a Seguir: Desprescrição e Conscientização

A busca por soluções eficazes continua, com a campanha pela desprescrição se intensificando. O objetivo é interromper ou ajustar o uso de medicamentos que podem trazer mais malefícios do que benefícios para a população idosa.

Conforme as quedas se tornam uma questão cada vez mais grave, é fundamental que tanto profissionais de saúde quanto familiares adotem uma abordagem proativa e atentem-se aos riscos para garantir a segurança dos idosos.