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Às vésperas da posse, Maduro intensifica repressão e prende políticos e ativistas

2025-01-08

Autor: Mariana

Resumo da situação na Venezuela

Enrique Márquez, conhecido como líder de uma oposição moderada ao regime de Nicolás Maduro na Venezuela, foi sequestrado na madrugada desta quarta-feira (8). Amigos e familiares relatam seu desaparecimento, mesmo tendo um perfil distante do grupo radical de María Corina Machado.

Márquez foi candidato à presidência nas últimas eleições, que foram amplamente descreditadas. Ele havia solicitado a divulgação das atas eleitorais para contestar os resultados oficiais proclamados pelo regime. A poucos dias da posse de Maduro, marcada para esta sexta-feira (10), ele foi levado por homens encapuzados enquanto caminhava nas ruas.

Uma onda de detenções também se abateu sobre outros ativistas e jornalistas. A ONG Espacio Público, que defende a liberdade de expressão, notificou o desaparecimento de seu diretor-executivo, Carlos Correa, que foi abordado por homens que supostamente eram oficiais de segurança do regime. Este modus operandi, comum na nuvem de repressão, impõe silêncio e nega acesso à defesa aos capturados nas primeiras horas após a detenção.

As detenções provocaram uma forte reação do presidente colombiano, Gustavo Petro, que declarou que, diante da situação, sua presença na posse de Maduro se torna inviável. "Não podemos reconhecer as eleições, que não foram livres", destacou. Apesar disso, ele ponderou que o país não cortará relações com a Venezuela e não irá interferir nos assuntos internos, a menos que seja convidado.

A repressão se estendeu também a líderes do partido de oposição Vente Venezuela, com o sequestro de dois de seus diretores em Trujillo. A ex-presidente da Assembleia Nacional, Mariana Ojeda, e Francisco Graterol não deram notícias desde suas detenções.

Na mesma noite, Edmundo González, ex-diplomata que havia disputado as eleições contra Maduro, informou que seu genro havia sido preso em Caracas. González, que vive em exílio em Madrid, estava se reunindo com autoridades de governos anteriores e atuais na capital americana no momento da detenção. Enquanto isso, sua filha continua em Caracas, enfrentando o medo da repressão diária.

Recentemente, a prática do regime de "porta giratória" fez com que alguns prisioneiros políticos fossem soltos em pequenas quantidades, mas esse movimento foi rapidamente revertido com novas detenções. Ao menos 1.800 pessoas são consideradas presas políticas atualmente, segundo a ONG Foro Penal, incluindo 160 militares.

A vigilância sobre políticos que não foram presos continua intensa. O ex-prefeito de Caracas, Juan Barreto, que se opõe ao regime, denunciou que sua residência está cercada por homens armados. Marïá Corina, em um movimento estratégico de proteção, se encontra refugiada em um local desconhecido, enquanto sua mãe, que depende de cuidadores, permanece sob vigilância.

Na terça-feira (7), Maduro anunciou a formação de um "Órgão de Defesa Integral para garantir a paz", reforçando a presença militar e a vigilância sobre a sociedade. Isso prepara o cenário para a repressão de qualquer manifestação durante a posse, enquanto Edmundo González se prepara para uma viagem ao país, embora os detalhes de como isso ocorrerá ainda não estejam claros.

Para a quinta-feira (9), diversos atos estão programados pela oposição e pelo regime chavista em todo o país, elevando a tensão em um ambiente já volátil.