Ciência

'As redes sociais são mais do que entretenimento': conheça a bióloga que desafia influenciadores na luta contra produtos milagrosos

2024-09-22

Em uma entrevista exclusiva à Marie Claire, a bióloga Mari Krüger revela sua motivação para adentrar em um mundo frequentemente negligenciado, focando na importância de informar o público sobre os riscos da automedicação baseada em indicações de influenciadores. Ela enfatiza a responsabilidade que esses criadores de conteúdo têm ao recomendar produtos sem a devida fundamentação científica.

Krüger aponta que "vivemos tempos de desinformação, onde o conhecimento científico é colocado em dúvida. A comunicação através de artigos acadêmicos é validada, mas pode confundir a população. Estou aqui para trazer ciência à tona de uma forma que ajude a resolver problemas práticos, sem aumentar a insegurança já existente".

Ela, que vive a experiência dual de ser influencer e cientista, manifesta preocupação em relação à comercialização de suplementos ineficazes e o marketing feito por influenciadores digitais que prometem transformações impressionantes sem base científica. Durante a conversa, ela criticou a popularidade das gominhas para crescimento de cabelo e fortalecimento de unhas, alertando que os resultados muitas vezes não refletem a realidade.

“A questão crítica é que as pessoas muitas vezes deixam de buscar diagnóstico adequado ou tratamento por acreditarem nas promessas de influenciadores que disseram que funcionou”, comenta. "Esses influenciadores geralmente priorizam o lucro em vez de uma pesquisa cuidadosa sobre o que estão promovendo. As declarações como 'funcionou para mim' são enganosas, pois muitas variáveis podem estar em jogo, como a visita a profissionais de saúde ou um estilo de vida saudável que não partem apenas do uso do produto".

Com uma base de mais de dois milhões de seguidores nas redes sociais, Mari Krüger defende que mais influenciadores populares devem disponibilizar conteúdo científico que combata a desinformação nas plataformas digitais. Ela observa que muitos criadores de conteúdo evitam discutir ciência por não se sentirem parte desse nicho.

"É alarmante ver influenciadores focando somente em estilo de vida luxuoso e produtos das últimas modas, enquanto ignoram questões sociais e científicas cruciais. O papel deles poderia ser muito maior. Precisamos falar de temas como política e ciência de forma consciente, especialmente sobre como as decisões de nossos governantes afetam nosso futuro", adverte.

Além disso, a procura crescente por informação através das redes sociais, impulsionada pela queda de consumo da mídia tradicional, representa um risco considerável. "As redes sociais não servem apenas para entretenimento. Elas têm o poder de atingir milhões simultaneamente, e é nosso dever como criadores de conteúdo usar essa influência para informar as pessoas sobre os fatos", conclui Mari Krüger, destacando a importância da responsabilidade digital na era da informação.