Análise de Luiz Gonzaga Belluzzo

247 – O renomado economista Luiz Gonzaga Belluzzo, em uma análise arrebatadora, revela preocupantes semelhanças entre as políticas econômicas de Donald Trump e as estratégias do regime nazista na Alemanha durante os anos 1930. Em um artigo impactante publicado na revista CartaCapital, Belluzzo argumenta que as medidas autoritárias e o controle centralizado, camuflados como tentativas de recuperação econômica, reconfiguram a relação entre Estado e mercado em contextos históricos distintos, mas alarmantemente parecidos.

Colapso das Economias Liberais

O economista ressalta que, no período entreguerras, o colapso das economias liberais foi acentuado por políticas fiscais e monetárias conservadoras, resultando em desemprego em massa, falências e um desespero social profundo. "A miopia liberal-conservadora paralisou os governos, que ficaram obcecados com a ideia do padrão-ouro e do equilíbrio orçamentário," explica Belluzzo, enfatizando que essa abordagem fomentou reações autoritárias em busca de proteção econômica e social.

Paralelos com a Alemanha Nazista

Belluzzo traça um paralelo com a Alemanha nazista, onde líderes como Adolf Hitler souberam aproveitar o caos econômico para conquistar o apoio das classes empresariais. Ele ilustra como grandes industriais foram convocados por Hermann Göring para se alinhar aos interesses do regime. "Hitler se comprometeu a eliminar sindicatos, afastar a ameaça comunista e permitir que cada empresário se tornasse o ‘führer’ de sua própria empresa," relata o economista. Embora a narrativa predominante conte uma história de "estatização" sob o nazismo, Belluzzo argumenta que houve uma "brutal privatização da política econômica," onde grandes conglomerados como Siemens e Krupp controlavam a economia a serviço do Estado.

Reflexos na Administração de Trump

Na análise, Belluzzo observa que a administração de Donald Trump espelha essa lógica autoritária. "O gabinete de Trump, composto por empresários e representantes do setor financeiro, reflete o mesmo alinhamento entre grandes corporações e poder político observado no III Reich," compara. A prioridade ao interesse nacional e a politização da economia, marcada por medidas protecionistas, ecoam práticas que consolidaram poder em mãos de poucos.

A Visão de Karl Polanyi

Belluzzo também cita Karl Polanyi, autor da obra "A Grande Transformação", para explicar como crises econômicas podem desencadear respostas autoritárias. Segundo Polanyi, o colapso do mercado autorregulado cria condições propícias para que líderes despóticos assumam o controle. "A tirania da mão invisível foi substituída pela tirania visível dos líderes, que politizaram todas as esferas da vida social," reforça o economista.

Conclusão e Reflexão Final

A análise de Belluzzo sugere que os paralelos entre Trump e o nazismo vão além de meras coincidências históricas, revelando uma tendência alarmante em tempos de crise. Ele alerta que as soluções autoritárias e a subjugação do Estado a interesses corporativos ameaçam as liberdades democráticas e agravam as desigualdades sociais.

Importância de Aprender com o Passado

No encerramento de sua reflexão, Belluzzo convoca a sociedade a ponderar sobre os riscos de repetir os erros do passado. Ele destaca a importância de compreender as forças que levaram ao surgimento do fascismo no século XX, a fim de evitar que crises contemporâneas gerem respostas que minem a democracia e a justiça social. Em tempos em que sentimentos autoritários tendem a ressurgir, a lição do passado é mais urgente do que nunca.