Em uma chocante reviravolta nos eventos de uma confraternização familiar em Torres, no Litoral Norte, a Polícia Civil confirmou nesta sexta-feira a presença letal de arsênio em um bolo consumido por convidados. A tragédia resultou na morte de três mulheres, enquanto outras duas pessoas, uma criança e um adulto, lutam pela vida na UTI do Hospital Nossa Senhora dos Navegantes.

O que é exatamente o arsênio?

O arsênio é um elemento químico encontrado naturalmente em água, solo e rochas. De acordo com especialistas da Universidade Federal de Santa Maria, a forma inorgânica do arsênio é altamente tóxica e não essencial ao ser humano. Sua fama se dá, em parte, ao seu apelido de "rei dos venenos", devido à sua potência e sutileza.

Além de ser associado a mistérios da literatura, como os enredos de Agatha Christie, o arsênio já foi utilizado em tratamentos médicos e na agricultura para controle de pragas. Contudo, sua aplicação foi gradualmente abandonada ao se reconhecer seus riscos à saúde.

Toxidade e Risco à Saúde

A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera o arsênio uma das dez substâncias mais preocupantes para a saúde pública. O contato não ocupacional com essa toxina ocorre, geralmente, por meio da ingestão de água e alimentos contaminados. Embora certa quantidade de arsênio possa ser encontrada em vários alimentos, ele se concentra em níveis mais altos em frutos do mar, carnes e grãos como o arroz.

A Anvisa, que monitora a presença de arsênio nos alimentos, define limites seguros para o consumo humano, mas é importante atentar para os primeiros sinais de intoxicação, que podem incluir dor abdominal, vômito e fraqueza.

Vale ressaltar que a exposição crônica ao arsênio, mesmo em pequenas quantidades, pode levar a sérios problemas de saúde, como o arsenismo, que resulta em lesões cutâneas, neuropatia periférica e um aumento de risco de câncer de pele, bexiga e pulmão.

História e Prevenção

Desde o século XVIII, a incidência de envenenamentos por arsênio diminuiu devido ao desenvolvimento de métodos de detecção em fluidos corporais. Contudo, a morosidade e os efeitos cumulativos dessa substância ainda são motivo de preocupação em áreas afetadas por águas contaminadas.

Com a recente tragédia em Torres, surgem questões alarmantes sobre a segurança alimentar e a vigilância em eventos sociais. O ocorrido reforça a necessidade de consciencialização sobre a contaminação por arsênio e a vigilância na preparação de alimentos, especialmente em festividades. Como garantir a segurança em nossas confraternizações? A resposta pode estar na educação e na prevenção.