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Argentina: pobreza atinge 15,7 milhões de pessoas; efeitos da crise impactam 52,9% da população

2024-09-26

O presidente da Argentina, Javier Milei, enfrenta um cenário alarmante de pobreza em sua gestão. De acordo com os últimos dados do Instituto Nacional de Estatísticas e Censos da Argentina (Indec), o número de argentinos vivendo abaixo da linha da pobreza cresceu para impressionantes 15,7 milhões no primeiro semestre deste ano, afetando 52,9% da população do país.

Este aumento vertiginoso reflete a gravidade da crise econômica e social enfrentada pela Argentina, marcada por inflação descontrolada, altas taxas de desemprego e um câmbio extremamente volátil. Durante os primeiros seis meses de governo de Milei, aproximadamente 3,4 milhões de pessoas caíram na pobreza, um aumento significativo em relação a 2023, quando 12,3 milhões estavam nessa situação. Notavelmente, em sua nova administração, situações de indigência também saltaram para 5,4 milhões, representando 18,1% da população.

A dura realidade é que muitas famílias argentinas estão lutando para atender às suas necessidades mais básicas, como alimentação, vestuário e transporte. O governo está tentando implementar medidas de austeridade para melhorar a situação fiscal, mas isso tem gerado um impacto direto na vida dos cidadãos, resultando em cortes de subsídios e paralisação de obras públicas.

Apesar da inflação em alta, que atingiu a obscena marca de 236%, o governo de Milei tenta mostrar sinais positivos na economia, como a leve desaceleração na taxa de inflação. No entanto, especialistas alertam que melhorias significativas ainda estão longe de serem alcançadas.

A equipe econômica de Milei está em um equilíbrio delicado, tentando aumentar as reservas internacionais, que apesar de alguns avanços ainda estão abaixo do necessário para a estabilidade. Com a dívida pública representando uma espada de Dâmocles sobre o governo, a preocupação com um possível calote futuro é uma sombra constante. O país deve mais de US$ 40 bilhões ao Fundo Monetário Internacional (FMI), o que representa uma parcela significativa de suas reservas.

Os argentinos estão passando por um período de sacrifício, onde até mesmo a tradição do churrasco, símbolo da cultura local, foi severamente impactada, levando a uma queda no consumo de carne bovina para os níveis mais baixos em um século.

Embora Milei tenha mantido sua popularidade em torno de 50%, essa aprovação pode rapidamente se deteriorar se os resultados não começarem a aparecer. A classe média, que já aceita os sacrifícios, está se perguntando até quando essa situação pode ser sustentada. Para muitos argentinos, a situação se torna cada vez mais insustentável, e o tempo é fator crítico para que a administração Milei encontra soluções duradouras e eficazes para reverter essa grave crise social e econômica.