Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central do Brasil, fez um alerta nesta quinta-feira (26) sobre o crescimento das apostas esportivas, conhecidas como 'bets', no país. Ele enfatizou que esse fenômeno pode resultar em um aumento da inadimplência, o que se tornaria um sério problema para o sistema financeiro brasileiro.

Durante uma coletiva de imprensa que abordou o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), Campos Neto detalhou que a instituição está avaliando de forma contínua o impacto do aumento das bets no crédito do país. Ele mencionou: "Ainda estamos analisando qual será a extensão desta inadimplência e o que isso poderá significar para o Banco Central."

A questão é de suma importância, pois um aumento significativo na inadimplência pode desencadear uma série de problemas econômicos, afetando a confiança dos investidores e a saúde financeira das instituições credoras. Campos Neto afirmou que compreender essas dinâmicas é essencial, especialmente em momentos de instabilidade econômica.

Recentemente, um estudo realizado pelo Banco Central mostrou que a maioria das transações de apostas é feita através do sistema de pagamentos instantâneos, o Pix, que se tornou extremamente popular. As transações realizadas por cartões representam apenas entre 10% e 15% do total das apostas. Essa rápida adoção do Pix para apostas esportivas sugere um cenário em que as pessoas estão apostando valores maiores e com mais frequência.

Outro ponto de preocupação levantado por Campos Neto foi a possibilidade de que o crédito possa ser vinculado diretamente às apostas, especialmente por meio de wallets digitais. Ele expressou receio de que essa conexão possa criar um risco adicional de inadimplência. "Acreditamos que manter um canal de crédito muito próximo de um canal de apostas pode levar a um aumento da inadimplência", afirmou.

Diante de tais circunstâncias, o Banco Central se vê diante de um desafio: encontrar formas de regulamentar e controlar o fenômeno das apostas esportivas, garantindo a proteção dos consumidores e a estabilidade do sistema financeiro. O debate sobre a regulamentação das bets está mais vivo do que nunca, com especialistas sugerindo que é preciso discutir formas de responsabilidade para quem participa desse mercado em expansão.