Nação

Após Enchente Devastadora, Dom Silvério Se Reergue e Busca Reconstrução

2025-01-10

Autor: Gabriel

Dom Silvério – Dois dias após a cidade, localizada na Zona da Mata, ser tomada pelas águas, as marcas da enchente ainda estão visíveis nas ruas e em muitos lares. Moradores, munidos de rodos e vassouras, trabalham intensamente para limpar a lama que invadiu suas casas. Segundo a Defesa Civil Municipal, cerca de 2.500 dos 5.000 habitantes da cidade foram afetados pela forte chuva, que em apenas 20 minutos trouxe cerca de 150 mm de água, quase 70% do total esperado para janeiro.

Histórias de superação e tristeza marcam a vida dos afetados. A cuidadora de idosos Maria de Lourdes Sousa relata o momento de desespero ao tentar salvar suas cachorras. A água subiu rapidamente e, por conta da força da correnteza, a porta de sua casa ficou impossibilitada de ser aberta. "Ao menos estamos vivos, isso é o que importa", afirma Maria, enquanto tenta recuperar o que resta de sua vida após tanta destruição.

Outra vítima do desastre, a aposentada Ana Maria da Silva, perdeu praticamente tudo o que possuía. Mesas, cadeiras e eletrodomésticos foram levados pela enxurrada. Em busca de uma vida melhor, Ana se mudou do Rio de Janeiro para Dom Silvério, mas após a tragédia, decidiu mudar-se para Vila Velha (ES), perto da filha. "Sinto que o encanto acabou. Preciso estar mais próxima de minha família agora", desabafa a aposentada.

O sr. Roni de Castro, também aposentado e vizinho de Ana, tem uma visão diferente. Embora tenha perdido muito, ele recusa criticar a situação. "Bens materiais se recuperam. O que importa é a vida. A solidariedade entre nós é o que nos fortalece", enfatiza Roni, que recebeu ajuda dos vizinhos na limpeza dos escombros.

As consequências da tempestade não se limitam ao impacto pessoal. A Defesa Civil estima que 200 imóveis foram danificados, e duas pontes na cidade foram destruídas, isolando alguns bairros. Os moradores agora enfrentam um trajeto longo de cinco quilômetros para acessar o centro da cidade, utilizando uma estrada improvisada. O artista José Geraldo da Costa, conhecido como "Bambino", criou uma estrutura temporária para ajudar os moradores a cruzarem as áreas afetadas. Ele se refere a essa tempestade como "a chuva de cem anos", relembrando desastres passados que marcaram a cidade.

Diante dos desafios, o prefeito Josué Bráulio Aleixo trabalha incansavelmente para reconstruir as pontes e restaurar a normalidade. Sua coragem durante a enchente, ao ser visto resgatando moradores, viralizou nas redes sociais, embora ele tenha admitido que a situação era arriscada. "A proteção da vida é nossa prioridade, mas precisamos ser cuidadosos em nossas ações", reconheceu.

Além disso, a saúde dos moradores sempre em primeiro plano. A Defesa Civil, em conjunto com um consórcio regional, trouxe equipamentos e mão de obra para auxiliar na limpeza da cidade. Profissionais de saúde já visitaram os lares impactados, oferecendo vacinas contra doenças, como o tétano, para evitar surtos.

Com a força e resiliência da comunidade, Dom Silvério começa a se reerguer após a devastação da enchente. A cidade não apenas sobreviveu, mas também encontrou uma nova razão para se unir neste momento difícil. As histórias de coragem e solidariedade emergem no meio da lama, mostrando que, apesar dos desafios, o espírito humano brilha ainda mais forte.