Uma reviravolta surpreendente no mistério que envolve o desaparecimento de um talento da música brasileira! Após quase meio século, a identidade de Tenório Júnior, um pianista que foi vítima da repressão na Argentina, foi finalmente confirmada.

Ele foi enterrado no cemitério de Benavídez, na província de Buenos Aires, em 1976, sem qualquer documento. Agora, equipes argentinas e brasileiras trabalharam juntas para resolver o enigma que durou cinco décadas.

Tenório, aos 35 anos, chegou a Buenos Aires para se apresentar com a famosa dupla de músicos Vinícius de Moraes e Toquinho. No entanto, sua vida tomaria um rumo trágico quando, após sair de um hotel próximo à Avenida Corrientes, desapareceu sem deixar rastros.

Dois dias depois, seu corpo foi encontrado em um terreno baldio, onde investigações foram iniciadas, mas falharam em reconhecer sua identidade. O homem havia sido baleado, mas seu caso permaneceu arquivado, como tantos outros durante o período sombrio da ditadura.

A reabertura do caso pela Promotoria de Crimes contra a Humanidade, somada ao uso de impressões digitais que foram comparadas com outros registros, finalmente levou à identificação de Tenório Júnior. A Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos notificou sua família no Brasil, trazendo uma notícia que, embora tardia, traz um pouco de alívio.

A EAAF, entidade que investiga desaparecimentos na Argentina há mais de 40 anos, já recuperou mais de 1.600 corpos nesta região, destacando a importância da luta pela verdade e justiça.

As investigações tentam esclarecer o contexto do assassinato de Tenório, que não estava vinculado a nenhuma organização política, mas se tornou uma vítima do clima de terror que assolou o país. O golpe militar de 1976 estava iminente e ele cruzou o caminho errado.

Em 2013, o Brasil havia solicitado junto ao governo argentino a investigação sobre os desaparecimentos, já que 11 brasileiros foram sequestrados na Argentina entre 1971 e 1980.

Esse mistério, que inspirou até poesias de Vinícius de Moraes, agora finalmente tem um nome, um rosto e uma história que não deve ser esquecida. Tenório Júnior, um símbolo da luta pela memória e justiça.