Antártica: O que uma cientista revela sobre a preservação do continente gelado!
2025-01-12
Autor: Carolina
Na Antártica, nem mesmo uma luva pode ficar para trás. Qualquer pequeno descuido provoca uma grande preocupação entre os pesquisadores. A geógrafa e climatologista Venisse Schossler, de 48 anos, atualmente na sua segunda expedição ao continente antártico, compartilha experiências de desafios e descobertas durante esse trabalho crucial para nosso entendimento sobre as mudanças climáticas. Ela faz parte de uma equipe que pode estar liderando a maior circum-navegação da Antártica até o momento.
Em sua primeira expedição, há alguns anos, Schossler passou 12 horas em um trator, enfrentando o gelo para instalar o projeto Criosfera 2, que coleta dados climáticos essenciais. A equipe acampou por 30 dias em condições extremas, onde o espaço era tão limitado que ela teve que celebrar o Natal em uma barraca improvisada, dividindo espaço com outras sete pessoas. "A experiência de estar na Antártica é única, mas é preciso estar preparado para os desafios", diz ela.
Um dos principais mandamentos da expedição é a preservação do ambiente. "Nada deve ser deixado para trás, a não ser pegadas. Isso é uma responsabilidade de todos os cientistas que pisam na Antártica. Se deixarmos algo ali, é uma irresponsabilidade", enfatiza Schossler. O cuidado é ainda mais pertinente considerando o trabalho que realizam sobre microplástico; como explicar a poluição se deixarem uma luva de plástico para trás?
Neste clima polar, a equipe não está apenas focada na pesquisa, mas também em preservar a natureza. Durante a expedição atual, que envolve muito tempo no mar, Schossler teve a oportunidade de observar a vida selvagem, incluindo baleias, focas e pinguins, uma experiência que, segundo ela, traz um alívio em meio ao rigoroso trabalho científico.
A diferença entre as expedições é notável. Na primeira, a rotina era intensa e técnica, enquanto na atual, Schossler e sua equipe passam mais tempo no mar, esperando as condições ideais para o trabalho de campo. "Cada dia é uma nova descoberta, não apenas cientificamente, mas também em termos de beleza natural. Em uma manhã, vi um iceberg flutuando e milhares de pinguins empoleirados sobre ele!", relata ela com entusiasmo.
Os desafios psicológicos em ambientes hostis são também uma preocupação. A pressão da expedição pode levar ao estresse e até ao burnout. Schossler comenta que uma colega enfrentou um momento difícil, mas com apoio, conseguiu superar e retomar suas atividades. "É essencial cuidar da saúde mental em um lugar tão isolado", observa ela.
Como única mulher na coordenação da expedição e no grupo de pesquisa de testemunhos de gelo, Schossler expressa orgulho e ressalta a necessidade de mais mulheres no campo científico: "Precisamos de recursos para capacitar mais mulheres para essas expedições. Elas são fundamentais para a ciência e para mostrar que estamos mudando a percepção sobre o papel da mulher na ciência."
A Antártica é mais do que uma massa de gelo; é essencial para o clima do planeta. "Ela funciona como um refrigerador para a Terra. Não podemos esquecer da sua importância, pois viver em um planeta sem a Antártica não é uma opção", conclui Schossler. Com seu trabalho, ela espera chamar a atenção do mundo para a importância da conservação desse incrível continente.