
Análise: A Ira de Trump com Putin e as Consequências para a Rússia
2025-04-08
Autor: Julia
O ex-presidente americano Donald Trump expressou recentemente sua profunda indignação em relação ao presidente russo, Vladimir Putin, devido ao adiamento das negociações de paz para a guerra na Ucrânia. A frustração de Trump se intensificou após Putin exigir, em uma declaração recente, a remoção do presidente ucraniano Volodmir Zelenski e a formação de um governo de transição em Kiev, como pré-requisito para qualquer acordo de paz.
Desde o início da invasão em 2022, Putin acreditava que a guerra duraria apenas algumas semanas. No entanto, a situação se agravou, transformando-se em um conflito prolongado que custa não apenas vidas, mas também recursos financeiros e bélicos significativos à Rússia. Essa dinâmica oferece a Trump uma oportunidade estratégica, uma vez que uma recusa de Putin em ceder pode resultar em uma intensa campanha de sanções e pressão econômica por parte dos EUA.
No contexto da guerra, a análise do Instituto para o Estudo da Guerra (ISW) revela que, até 2024, as forças russas tomaram apenas 4.167 quilômetros quadrados de território. Para efeito de comparação, isso equivale a aproximadamente 15% da área do Haiti, sendo que a maior parte do que foi capturado consiste em áreas rurais sem valor estratégico.
A Rússia está sofrendo perdas pesadas. Somente em 2024, estima-se que mais de 427 mil soldados tenham sido mortos ou feridos. Para ilustrar a gravidade da situação, as baixas russas em um único mês se aproximaram do dobro das que os EUA enfrentaram ao longo de 20 anos de conflitos no Afeganistão. Analistas até pro-Putin reconhecem que um soldado russo vive, em média, menos de um mês nas linhas de frente antes de ser morto.
Além das perdas humanas, há também uma insustentável perda de equipamentos militares. Em 2024, a Ucrânia destruiu cerca de 12 mil tanques e veículos blindados russos, além de 13 mil unidades de artilharia. Para agravar a situação, a escassez de equipamentos levou Putin a utilizar tanques e veículos da era soviética, alguns com mais de 70 anos.
Conforme as notificações de perdas seguem se acumulando, a capacidade da indústria de defesa russa não está conseguindo suprir as demandas. De acordo com o analista militar George Barros, a Rússia está perdendo cerca de 350 tanques e canhões de artilharia por mês, enquanto a produção de substitutos é de apenas 20 por mês, o que, segundo o Wall Street Journal, pode deixar as tropas russas sem tanques em questão de um ano.
Putin tem recorrido a estratégias de ataque de alto custo, enviando ondas de soldados contra posições ucranianas com o método de 'carnificina', ou seja, usando forças humanas em táticas para desgastar e exaurir as defesas ucranianas. Essa abordagem levanta questões sobre sua efetividade, especialmente diante da crescente resistência militar e popular em Kiev.
Por trás do campo de batalha, a economia russa está sob pressão extrema. Os gastos de guerra, que deverão atingir 41% do orçamento do Estado até 2025, resultaram em uma inflação de dois dígitos, aumento das taxas de juros e uma crise severa de mão de obra. Para se ter uma ideia, em um único ano, o preço da manteiga subiu 30% e, em casos extremos, alguns russos têm recorrido ao mercado negro para lucrar com essa escassez.
Trump, que já prometeu intensificar o apoio dos EUA à Ucrânia caso Putin não concorde em cessar as hostilidades, está se posicionando para explorar essa fraqueza russa. Durante entrevistas, ele declarou que intensificaria o fornecimento de armas caso as negociações falhassem. Nesse contexto, enquanto a Ucrânia busca um cessar-fogo incondicional, a Rússia não demonstra disposição em aceitar esse acordo.
Em síntese, a dinâmica atual entre Trump e Putin mostra que o líder russo pode estar mais em apuros do que imagina. Se Trump optar por aplicar pressões econômicas severas e aumentar a assistência militar a Kiev, Putin poderá enfrentar uma crise que vai muito além das batalhas físicas. A verdade é que a Rússia, tanto econômica quanto militarmente, está no limite, enquanto Trump e seus aliados parecem estar se preparando para manobras decisivas no tabuleiro geopolítico.