Um turista americano chamado Mykhailo Viktorovych Polyakov, de apenas 24 anos, foi preso após desrespeitar uma das leis mais rigorosas da Índia ao tentar entrar em contato com os Sentinelese, uma das últimas tribos isoladas do planeta, localizada na remota Ilha Sentinela do Norte.

Polyakov iniciou sua jornada numa arriscada travessia de barco inflável, com motor, partindo de uma ilha vizinha e navegando por 35 km em mar aberto, tudo isso escondido sob uma manta. Impressionantemente, ele filmou todo o processo, quase como se estivesse em uma aventura de documentário, mas sem considerar as duras consequências de suas ações.

A intenção do jovem era deixar um "presente de paz" para os Sentinelese, que vivem isolados e rejeitam qualquer contato com o mundo exterior. Ele levou um coco e uma lata de Coca-Cola Diet como oferendas, sem compreender o potencial risco que isso representava para a tribo. Estima-se que apenas cerca de 150 membros permaneçam dessa etnia.

Enquanto se aproximava da ilha, Polyakov gravou um vídeo em que sussurrava para a câmera, demonstrando uma curiosa mistura de excitação e desprezo pelas leis de proteção indígena. “É isso. A última tribo sem contato. O último mistério. Se me virem, vão me atacar? Ou vão me aceitar?”, refletiu, em busca de atenção e aceitação de um povo que há milênios vive em total liberdade do mundo moderno. Porém, suas imagens não foram divulgadas, mas dão uma ideia da imprudência de sua aventura.

A polícia confirmou que Polyakov permaneceu na ilha por cerca de uma hora, tentando atrair a atenção dos indígenas, um ato que é considerado uma violação grave das normas de proteção às tribos isoladas. A entrada dele foi registrada por satélites e pela filmagem de sua própria câmera, evidenciando a seriedade da transgressão.

Por conta de sua infração, o turista foi colocado em prisão preventiva por três dias e pode enfrentar penas de três a cinco anos de prisão, além de ser responsabilizado pelo risco à saúde dos indígenas, que não têm imunidade a doenças comuns do mundo atual.

Vale destacar que esta não é a primeira tentativa de Polyakov de se aproximar dos Sentinelese. Em outubro de 2024, ele já havia tentado ir à ilha de caiaque, sendo interceptado por funcionários do hotel onde estava hospedado. Uma nova tentativa em janeiro de 2025 também falhou, o que levanta questionamentos sobre sua intenção real.

A viagem tensa foi planejada com minuciosidade, incluindo o uso de GPS, estudo das marés e preparação do barco em locais apropriados. Sempre em busca de aventuras extremas, Polyakov mantém um canal no YouTube onde compartilha suas experiências, que incluem expedições a locais perigosos, como bases militares abandonadas e interações arriscadas no Afeganistão. Recentemente, ele havia postado um teaser que insinuava seu desejo de visitar a ilustre e isolada ilha.

A história não é nova. Em 2018, o missionário americano John Allen Chau foi fatalmente atacado ao tentar entrar em contato com os Sentinelese, um evento que endureceu ainda mais as políticas de proteção em relação a essa tribo e a ilha, tornando clara a necessidade de respeitar as culturas indígenas que resistem ao contato com o mundo exterior.