Saúde

Ambientes obesogênicos: como eles moldam seus hábitos e contribuem para o ganho de peso?

2025-01-08

Autor: Mariana

Você já parou para pensar em como o ambiente ao seu redor impacta suas escolhas alimentares? Segundo Denis Pajecki, cirurgião bariátrico do Centro de Referência em Emagrecimento do Hospital Nove de Julho em São Paulo, nosso cotidiano pode influenciar significativamente nossa relação com a comida. Por exemplo, uma pessoa que passa várias horas no trânsito pode acabar optando por alimentos prontos ou ultraprocessados pela praticidade, o que aumenta o risco de ganho de peso.

O que são ambientes obesogênicos?

Ambientes obesogênicos são aqueles que favorecem a obesidade, manifestando-se em duas dimensões:

1. A falta de espaços que incentivem a prática de hábitos saudáveis;

2. A presença de ambientes que promovem escolhas e comportamentos alimentares nocivos.

Esse conceito explica por que combater a obesidade não é apenas uma questão individual, mas um desafio coletivo. Em várias regiões do Brasil e do mundo, há áreas com escassez de parques e locais adequados para exercícios, o que leva ao sedentarismo. Basta sair para perceber a quantidade de opções de alimentos ultraprocessados que nos cercam, como as barracas de cachorro-quente e frituras nas proximidades de estações de transporte público.

Estudos demonstram que a quantidade de comida ao nosso redor influencia nosso consumo. Por exemplo, porções maiores ou embalagens em promoção nos incentivam a comer mais, mesmo sem fome, explica Sabrina Theil, nutricionista e CEO da Doutora Fit, referência em emagrecimento saudável.

Além disso, a falta de áreas adequadas para refeições no trabalho pode forçar os funcionários a recorrer a opções de alimentação de rua, que em geral são mais calóricas e em porções maiores. Nas escolas, a variedade de doces e salgados disponíveis também contribui para a obesidade infantil e juvenil.

Ambiente emocional: um fator crucial

Ambientes emocionalmente tóxicos ou abusivos também podem ser considerados obesogênicos, pois eles aumentam o risco de comportamentos alimentares compulsivos. Renata Varkulja, nutricionista do Hospital Santa Paula, em São Paulo, aponta que estresse constante e relacionamentos problemáticos podem desencadear a fome emocional, levando ao consumo descontrolado de alimentos.

Além disso, a falta de informações sobre como combater a obesidade e o acesso limitado a serviços de saúde desempenham um papel essencial no aumento do peso.

Reconhecendo e mudando o quadro

Quando se trata de obesidade, as soluções são múltiplas e variantes. O primeiro passo é reconhecer a importância do ambiente em que vivemos e como ele impacta nossos hábitos. Entender como nosso ambiente influencia nossas escolhas alimentares e peso é fundamental para prevenir e enfrentar a obesidade, ressalta Varkulja.

Mudanças simples no cotidiano podem ser extremamente eficazes. Aqui estão algumas sugestões:

- Priorizar uma alimentação rica em produtos naturais e minimamente processados; - Fazer exercícios regularmente, seja na academia ou em casa, parques e praças; - Reúnir a família para refeições, promovendo momentos de interação e evitando distrações como televisão ou celulares; - Envolver todos nas atividades culinárias, estimulando hábitos saudáveis; - Preparar lanches e refeições em casa para evitar opções gordurosas de lanchonetes; - Manter alimentos saudáveis ao alcance, evitando a tentação de produtos industrializados; - Proporcionar um sono reparador; - Praticar atividades que promovam bem-estar, como meditação ou leitura; - Dedicar tempo a hobbies que aliviem o estresse, como jardinagem ou artesanato; - Buscar apoio psicológico para trabalhar a saúde mental.

Contudo, mudar é um processo gradual. Equilibrar o ambiente não significa proibir tudo, mas sim torná-lo um aliado na sua jornada de emagrecimento e na busca por uma vida mais saudável, conclui Sabrina Theil. Quando seu ambiente favorece escolhas saudáveis, manter o foco se torna muito mais fácil e gratificante!