Saúde

Alerta Urgente: Casos de Suicídio Crescem no Brasil e Especialistas Pedem Mudanças Dragadas pelo Setembro Amarelo!

2024-09-30

Um estudo recente revelou um aumento alarmante nos casos de suicídio no Brasil entre 2000 e 2019, com um total de 195.047 mortes, marcando um crescimento de 57%. Pesquisadores analisaram dados do DataSUS, do Ministério da Saúde, mas optaram por não incluir dados de 2020 em diante devido à pandemia, cujos impactos podem ter alterado o comportamento da população em relação ao suicídio.

O estudo foi liderado pelo psiquiatra Rodolfo Damiano, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, em colaboração com outras universidades brasileiras e instituições internacionais como o Karolinska Institutet, da Suécia, e o Child Mind Institute, dos Estados Unidos. A pesquisa foi publicada na revista *Journal of Affective Disorders* no mês passado e revisada por pares.

Os dados de aumento dos suicídios são ainda mais contundentes ao considerar a taxa média anual de 1,67% de 2000 a 2015 e um alarmante 4,24% de 2015 a 2019. Damiano, em entrevista ao g1, destacou que médicos observaram um aumento nas tentativas de suicídio nos meses de setembro e outubro, o que suscitou a necessidade de entender se isso estava relacionado ao Setembro Amarelo, a campanha de conscientização que começou no Brasil em 2015.

Entretanto, a pesquisa não conseguiu estabelecer uma relação causal entre esta campanha e o aumento de suicídios, embora tenha destacado a necessidade de mais estudos sobre o impacto dessas iniciativas numa população que frequentemente busca ajuda anunciada de forma irregular. O presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, Antonio Geraldo, publicou uma carta questionando a relação entre o aumento nos casos e a campanha, ressaltando que o suicídio é um fenômeno multifatorial e não pode ser atribuído a uma única causa.

Geraldo listou variáveis que devem ser consideradas, como aumento do consumo de álcool, drogas e maior exposição às redes sociais. A diminuição das internações psiquiátricas também foi mencionada como um fator crítico. Além disso, o ministro da Saúde declarou que o orçamento para saúde mental foi ampliado em 53% para 2024, totalizando R$ 4,7 bilhões, reforçando o compromisso do governo com essa causa.

Enquanto isso, especialistas pedem uma reformulação urgente da campanha Setembro Amarelo. Damiano afirmou que não pretende acabar com a campanha, mas busca alternativas mais eficazes que transcendam a fixação apenas em setembro e incentivem ações contínuas.

Inevitavelmente, o Setembro Amarelo foi critico por algumas iniciativas que, embora bem intencionadas, foram consideradas superficiais e ineficazes. Um exemplo notável foi a distribuição de chá de camomila por uma empresa, que provocou reações bem-humoradas nas redes sociais, onde muitos ironizaram a abordagem.

A psicóloga Karen Scavacini do Instituto Vita Alere também alertou para a superficialidade da campanha, enfatizando a necessidade de discussões mais profundas e práticas efetivas para realmente ajudar aqueles que sofrem.

"Precisamos escapar do 'marketing amarelo' e considerar como podemos educar e oferecer suporte real", advertiu Scavacini, enfatizando a importância de um engajamento significativo que vá além do clichê de "valorizar a vida".

O setembro se transformou em um mês de angústia para aqueles que lidam com a questão do suicídio, e a necessidade de reavaliar como estamos lutando contra essa epidemia nunca foi tão urgente. Que sejam tomadas medidas concretas e eficazes para que possamos realmente transformar a realidade do cuidado com a saúde mental no Brasil!