Alcoolismo: Como Eu Renascí Após Seis Internações
2024-11-04
Autor: Maria
Finalmente, estou em casa. Após a sexta internação, a solidão me abraça enquanto minha família, que antes era contrária, decidiu me deixar sozinha. É hora de encarar essa solidão desafiadora.
A garrafa que antes me fazia companhia foi embora, assim como amigos e parentes que se afastaram. Hesitei, mas resolvi procurar um grupo de Alcoólatras Anônimos. Panfletos deles estavam espalhados por todas as clínicas onde passei. Essa foi a minha salvação.
Lá, encontrei pessoas que, mesmo estranhas, compreendiam a dor e o desespero que sentia. A força do grupo me deu ânimo para ensaiar uma nova vida. Precisei reconstruir tudo, como se estivesse montando uma bússola interna para me guiar.
Meu único companheiro era meu cachorro, que me incentivava a caminhar e me tirar da cama. Com apenas um ano, ele tinha energia suficiente para nos dois. Aos poucos, senti que poderia andar com minhas próprias pernas novamente.
Depois de um ano no grupo, consegui um trabalho de meio período aos finais de semana. Era algo simples, mas naquele momento me deu um propósito. O emprego foi crucial na minha recuperação, além de me garantir um pouco de dinheiro e uma rotina saudável.
Junto com o cachorro e as reuniões dos Alcoólatras Anônimos, comecei a voltar à realidade e a redescobrir a beleza da vida. Meus companheiros me motivavam a caminhar diariamente, e as saídas para passear com meu cachorro tornaram-se uma obrigação que eu precisava cumprir.
Após o primeiro trabalho, reaproximei-me de antigos amigos que me apoiaram a voltar ao mercado de trabalho. Senti medo, pois era uma tarefa difícil se comprometer a estar em um lugar todos os dias, com a mente limpa e sem a necessidade de beber.
Já compartilhei sobre os estragos que causei quando trabalhava embriagada e como isso afetou minha reputação. Acreditei que ninguém me empregaria, mas com o passar do tempo, permaneci nos grupos e as caminhadas se tornaram mais longas. Essas caminhadas me ajudaram a liberar serotonina, o que renasceu a esperança dentro de mim.
Quando consegui um emprego temporário que não conflituava com as reuniões do AA, minha animação aumentou. Após o trabalho, eu corria para o grupo e compartilhava minhas lutas. Aprendi muito com os veteranos, que me deram esperança. Por outro lado, pude ajudar os novatos, o que foi fundamental para meu próprio processo de recuperação.
Com o tempo, a solidão foi se dissipando. A vida começou a ter forma novamente. Estava preparada para recomeçar, entendendo que precisei de muitos elementos e apoio. A lição que aprendi é que sozinha é praticamente impossível vencer o alcoolismo. A ajuda de pessoas ao meu redor fez toda a diferença na minha jornada.