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Ainda Compensa Investir em CDBs, LCIs e LCAs, Mesmo com as Taxas do Tesouro nas Nuvens?

2024-09-26

As taxas do Tesouro Direto dispararam após o aumento da taxa básica de juros, atingindo um recorde em 12 meses no início desta semana. Apesar do recuo em meio à greve de servidores e à desaceleração do IPCA-15, os prêmios continuam elevados. Por exemplo, o título de inflação mais curto, com vencimento em 2029, ofereceu um juro real de 6,47% na última quinta-feira (26).

Com essa alta atratividade dos títulos do Tesouro, surge a pergunta: ainda vale a pena investir em CDBs (Certificados de Depósito Bancário), LCIs (Letra de Crédito Imobiliário) e LCAs (Letra de Crédito do Agronegócio)?

Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, observa que os CDBs continuam sendo uma boa opção para diversificar a carteira, mesmo com a competitividade dos títulos do Tesouro. Eles costumam ter um bom desempenho em cenários de juros altos e a expectativa de aperto monetário contínuo. Lima recomenda priorizar as modalidades pós-fixadas, que tendem a ter um desempenho superior nessas condições.

“Os melhores CDBs são sempre aqueles atrelados ao CDI, pois garantem que o retorno acompanhe a alta da taxa de juros. Isso proporciona flexibilidade ao investidor, já que caso a Selic continue subindo, os rendimentos dos CDBs também aumentarão”, explica.

Alex Andrade, CEO da Swiss Capital Invest, complementa que a mesma lógica se aplica às LCIs e LCAs. Ele sugere que, em momentos de expectativa de aumento da Selic, os papéis pós-fixados são os mais recomendados, pois tendem a se valorizar junto com a alta dos juros.

Mas e os títulos prefixados?

Os CDBs e LCIs/LCAs prefixados só se tornam atraentes quando há previsão de queda na Selic, permitindo que o investidor trave uma taxa superior à futura — o que não se verifica na atualidade. As negociações nas opções do Copom na B3 indicam uma probabilidade de 61,50% de aumento da taxa de juros no Brasil em novembro.

Ainda assim, se um investidor acredita que a Selic está próxima de seu pico e deseja garantir uma taxa alta antes de qualquer possível queda, os prefixados podem ser uma estratégia válida, especialmente para aqueles que estão dispostos a manter o capital investido por um prazo maior, compreendendo um período de 2 a 5 anos. Daniel Abrahão, economista e assessor na iHUB Investimentos, menciona a desvantagem da marcação a mercado, que pode tornar o resgate antecipado menos vantajoso.

Onde Encontrar as Melhores Ofertas

Investidores em busca das melhores taxas para CDBs e LCIs/LCAs devem olhar para bancos médios e pequenos, que geralmente oferecem prêmios mais altos sobre o CDI em comparação com as grandes instituições financeiras. É comum encontrar CDBs pós-fixados oferecendo rendimentos acima de 110% do CDI ou prefixados com taxas anuais superiores a 13%.

Os bancos menores, segundo Andrade, costumam oferecer boas taxas em letras de crédito tanto imobiliário quanto do agronegócio, uma vez que necessitam captar recursos para suas operações.

Vantagens e Desvantagens

Embora o Tesouro Direto ofereça liquidez diária, CDBs e LCIs/LCAs também possuem essa vantagem, permitindo que o investidor resgate seu capital a qualquer momento. Abrahão destaca que mesmo produtos sem liquidez diária podem ter prazos adaptáveis ao perfil do investidor, e opções com menor liquidez frequentemente oferecem taxas mais atrativas.

Além disso, um dos principais benefícios das LCIs e LCAs sobre os CDBs é a isenção do Imposto de Renda para pessoas físicas. Apesar disso, os CDBs ainda tendem a ser mais rentáveis, conforme cálculos realizados pela equipe de análise de renda fixa da XP.

Portanto, para o investidor que busca diversificar sua carteira e focar em rentabilidade atrativa a longo prazo, as opções de CDBs, LCIs e LCAs continuam a ser relevantes, mesmo em um cenário de altas taxas de juros!