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AgroGalaxy (AGXY3) Consegue Protetora Judicial em Meio a Dívidas Estrondosas e Impasse em CRAs

2024-09-20

A AgroGalaxy (AGXY3) está enfrentando uma montanha de dívidas que chega a impressionantes R$ 3,7 bilhões. Em um movimento estratégico, a empresa obteve o apoio da Justiça para uma "blindagem" contra seus credores, enquanto solicita recuperação judicial para enfrentar a grave crise financeira que assola a varejista de insumos para o agronegócio.

Recentemente, a 19ª Vara Cível e Ambiental de Goiânia concedeu uma liminar que suspende as execuções de dívidas e rescisões contratuais, proporcionando à AgroGalaxy um tempo vital para estruturar um plano de recuperação financeira.

É importante notar que, com a situação atual do mercado, o BTG Pactual indicou ações do agronegócio com potencial de valorização de até 40%, o que pode ser um alívio em meio a esta tempestade financeira.

A decisão judicial também impede a aplicação de cláusulas de vencimento antecipado, oferecendo à AgroGalaxy um fôlego temporário para refletir e renegociar suas obrigações de dívida com os credores.

No dia 18 de outubro, a AgroGalaxy protocolou urgentemente o pedido de recuperação judicial devido ao calote nos Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) e à impressionante queda de mais de 90% das ações na bolsa desde o IPO. As ações da AgroGalaxy fecharam a sessão de sexta-feira a R$ 0,57, representando uma queda alarmante de 21,92% no dia e uma desvalorização acumulada de 84% no ano, com a empresa avaliada em apenas R$ 152 milhões.

A urgência da "blindagem" é evidenciada pelo vencimento dos CRAs da 79ª emissão da empresa, que ocorreu em 17 de outubro, somando R$ 500 milhões. O pedido de recuperação judicial destaca que a enormidade da dívida com os CRAs "excede, em muito, os recursos existentes no caixa", evidenciando a falta de capacidade de honrar compromissos financeiros.

De acordo com a empresa, a ausência de uma proibição aos credores de extirpar seus contratos ou antecipar o vencimento de dívidas significaria condenação à insolvência. A Justiça também ordenou que grandes instituições financeiras, como Banco do Brasil, Santander, Banco ABC, Banco Daycoval e Citibank, não retenham cerca de R$ 205 milhões em contas vinculadas, que são cruciais para a sobrevivência da AgroGalaxy durante este processo de recuperação judicial.

Se esses recursos não forem liberados, a companhia alerta que seu caixa se tornará negativo nos próximos dias. Essa importância estratégica das contas vinculadas foi reconhecida pela empresa em um documento onde afirmava que "sem a liberação desses recursos, a sobrevivência do Grupo AgroGalaxy está em sério risco".

O colapso financeiro da AgroGalaxy não acontece isoladamente. A crise generalizada de liquidez impactou a saúde financeira da companhia, dificultando suas operações e o cumprimento de obrigações financeiras que foram acertadas inicialmente com os credores. O passivo total da empresa é expressivo, somando R$ 3,7 bilhões e US$ 160 milhões, incluindo obrigações com instituições financeiras, produtores rurais e fornecedores.

Os maiores credores incluem a Vert Companhia Securitizadora, responsável pelos CRAs da AgroGalaxy, com valores que totalizam R$ 516,4 milhões. O Banco do Brasil, com R$ 391,2 milhões de dívidas, e o Santander, com R$ 278,4 milhões, estão entre os principais credores que agora vivem a expectativa da reestruturação financeira da AgroGalaxy.

Além disso, fornecedores relevantes do setor agrícola, como FMC e a Opea Securitizadora, aparecem na lista de credores, evidenciando a interconexão entre a AgroGalaxy e vários segmentos do agronegócio nacional. O futuro da empresa está mais incerto do que nunca, e todas as atenções estão voltadas para como essa recuperação irá se desenrolar.

A situação da AgroGalaxy evidencia tanto os desafios enfrentados no agronegócio brasileiro em um cenário de alta competitividade e dívidas crescentes, quanto a fragilidade que muitas grandes empresas enfrentam diante de crises financeiras.