Agro, Aço e Têxtil: Os Setores da Economia Brasileira em Alerta por Causa de Trump
2024-11-07
Autor: Gabriel
As políticas do ex-presidente Donald Trump podem ter um impacto significativo na economia brasileira a longo prazo, ao aumentar a inflação nos Estados Unidos e prejudicar setores essenciais do Brasil. A elevação dos preços pode fazer com que a taxa de juros americana caia menos do que o esperado, forçando o Banco Central do Brasil a elevar as taxas de juros locais. Isso representa um desafio para as empresas brasileiras, especialmente aquelas envolvidas no consumo e no setor imobiliário, além de empresários que estão altamente endividados, revela Gustavo Moreira, coordenador do curso de Economia do Ibmec-RJ.
Setores em Alerta
As empresas que exportam seus produtos para os EUA estão no centro da tempestade. O agronegócio brasileiro, especialmente os setores de soja e carnes, assim como as indústrias siderúrgicas e têxteis, são os mais vulneráveis às mudanças nas políticas comerciais. A dificuldade de entrar no vasto varejo americano aumentará com a implementação de tarifas elevadas, tornando os produtos importados menos competitivos. No setor têxtil, onde o Brasil é um fornecedor significativo de roupas e tecidos, essa situação poderá forçar as empresas a reduzir suas margens de lucro, resultando em preços mais altos ao longo de toda a cadeia produtiva.
Já os exportadores de commodities poderão enfrentar desafios adicionais, uma vez que as medidas protecionistas de Trump podem frear o crescimento econômico da China, devido à diminuição da demanda por produtos brasileiros. Essa dinâmica pode levar à queda dos preços das commodities, impactando os lucros das empresas nacionais.
Além disso, no setor da aviação, tanto os custos operacionais quanto os níveis de endividamento em moeda estrangeira podem se agravar, dificultando ainda mais a sustentabilidade financeira das companhias aéreas brasileiras.
Um Brilho no Horizonte?
Por outro lado, o setor petroquímico pode se beneficiar da valorização do dólar, uma vez que gera uma boa parte de seus ganhos em moedas estrangeiras, enquanto seus custos são em reais. Isso pode garantir maior lucratividade para essas empresas, apesar de que há a previsão de aumento no preço da gasolina.
Surpreendentemente, alguns setores que inicialmente poderão sofrer com as tarifas altas podem encontrar novas oportunidades. O agronegócio e a siderurgia, que perderão vendas para os americanos, têm a chance de expandir suas vendas na China, que deve ver uma diminuição nas transações comerciais com os Estados Unidos.
Outra mudança positiva é que as empresas exportadoras brasileiras serão percebidas como mais acessíveis no mercado global. A desvalorização do real fará com que seus produtos se tornem mais baratos, o que pode resultar em um aumento nas vendas. Dessa forma, mesmo com margens de lucro menores, elas podem garantir um volume maior de renda, criando um cenário que mistura desafios e oportunidades em tempos de incerteza.