Tecnologia

Agências de checagem perdem apoio da Meta: O que isso significa para a verdade online?

2025-01-11

Autor: Matheus

A parceria entre agências de checagem e a Meta, gigante das redes sociais, está prestes a ser encerrada, conforme anúncio feito pelo fundador da companhia, Mark Zuckerberg, na última terça-feira (7). Esta decisão representa um golpe significativo para os checadores de fatos, que agora perdem seu principal apoio, responsável por três das plataformas sociais mais utilizadas globalmente: Facebook, Instagram e WhatsApp.

Embora a Meta ainda não tenha definido quando a mudança afetará o Brasil, o impacto pode ser sentido rapidamente, considerando que desde 2018 ela firmou colaborações com entidades de checagem como Lupa, Aos Fatos, Projeto Comprova, Estadão Verifica e UOL Confere. Essas agências recebiam acesso a uma plataforma exclusiva que permitia a identificação de notícias potencialmente falsas com base em denúncias da comunidade, inteligência artificial e sugestões de verificadores.

Os checadores poderiam rotular conteúdos, não apenas informando os usuários sobre possíveis inverdades, mas também reduzindo o alcance de publicações marcadas. Isso fez com que muitos conteúdos deixassem de ser vistos por seus seguidores, colocando-os em tensão com as regras impostas pelas plataformas sociais.

Esse sistema de verificação foi crucial para ajudar a manter a integridade do processo eleitoral durante as eleições de 2022 no Brasil, já que Meta e as agências de checagem colaboraram com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no Programa Permanente de Enfrentamento à Desinformação.

No entanto, a recente decisão da Meta pode assinalar o fim de um ciclo de relevância para as agências de checagem. Desde o ápice do fenômeno em meados da década de 2010, especialmente durante a pandemia da Covid-19, o papel das agências como muros contra desinformação tem definhado, exacerbado pela crescente desconfiança pública. Postagens e documentos vazados, como os "Twitter Files" revelados por Elon Musk, expuseram a ligação entre as agências e as plataformas sociais, levando a uma crise de credibilidade.

Um dos fatores que alimentou essa desconfiança foi a descoberta de que executivos dessas plataformas colaboravam com agências de checagem em simulações para gerenciar a narrativa de informações sensíveis, como o infame laptop de Hunter Biden. Com isso, o viés ideológico começou a ser percebido nas atividades das agências, resultando numa perda de confiança por parte do público.

Como alternativa, Elon Musk introduziu as Notas da Comunidade no X (antigo Twitter) em 2022, permitindo uma verificação colaborativa por usuários, o que contrasta com a abordagem tradicional das agências que trabalha com um modelo centralizado e menos transparente. Esse novo modelo promove a diversidade de perspectivas e pode estar se tornando a tendência do futuro em checagens de informações.

Mark Zuckerberg, ao considerar implementar um sistema similar nas redes da Meta, suscitou reações de pânico entre veículos de comunicação tradicionais e as próprias agências de checagem, que acreditam que essa decisão represente um retrocesso na busca por informações precisas e confiáveis.

Especialistas em liberdade de expressão, como o advogado André Marsiglia, argumentam que a histeria contra a Meta e suas escolhas não são justificadas. "Já temos um modelo implantado que funciona bem e atende às exigências legais. A crescente desconfiança parece ter motivações políticas. A liberdade oferecida por checagens feitas sob supervisão cuidadosa é confortável para aqueles que desejam controlar o discurso nas redes, como políticos e alguns segmentos da imprensa", afirma.

Com a queda das parcerias de checagem, o futuro da verdade online parece cada vez mais incerto, levando a uma reflexão profunda sobre a necessidade de novas formas de verificar a informação na era digital.