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'Adolescência' e incels: o que um adolescente e seus pais descobriram sobre a série da Netflix

2025-03-30

Autor: Fernanda

'Nunca tinha falado sobre incel antes': a conversa de um adolescente com os pais sobre a série 'Adolescência'

"Falar sobre questões sexuais com os pais é bem estranho", comenta Ben*, de 15 anos, um jovem que se vê diante das mudanças da adolescência e da influência intensa das redes sociais. Seus pais, Sophie e Martin, na casa dos 40 anos, compartilham da mesma percepção.

A família, reunida na sala de estar e sem a presença da irmã mais nova de Ben, discute a série da Netflix 'Adolescência', que assistiram na noite anterior. A narrativa gira em torno de Jamie, um garoto de 13 anos que é acusado de assassinar uma colega depois de ser exposto a conteúdos misóginos e sofrer bullying online.

Os pais estão preocupados com o conteúdo que Ben consome e, para lidar com isso, decidiram assistir à série juntos. Durante essa discussão, abordaram desde a influência negativa de figuras como Andrew Tate até questões sobre amizades entre meninos e meninas.

Ben se prepara para revelar suas impressões. Enquanto seus pais tentam entender o ambiente jovem, ele está ciente de que o termo "incel" foi desconhecido para ele até aquele momento. “As pessoas só se chamam de ‘virgens’. Nunca tinha ouvido ‘incel’ antes”, diz Ben, sugerindo que a terminologia pode ter desaparecido das conversas entre os jovens recentemente.

Ele reconhece que a série apresenta algumas realidades da vida escolar, mas acha que não retrata de forma justa a experiência cotidiana dos adolescentes. "Acho que a série esquece de mostrar o lado positivo das redes sociais", observa, mencionando que, em várias situações, os adolescentes também usam essas plataformas para se conectar e apoiar uns aos outros.

A figura de Andrew Tate, por exemplo, é debatida entre eles. Embora Ben mencione que Tate teve uma popularidade de dois anos na escola, diz que ele já é visto como "coisa do passado". Ele critica a forma como Tate mistura conselhos de saúde com ideologias controversas, ressaltando que a responsabilidade pela misoginia não pode ser atribuída a uma única pessoa, mas sim a uma questão social mais ampla.

Durante a conversa, Sophie expressa sua preocupação sobre como as interações entre meninos e meninas hoje em dia têm sido superficiais, especialmente entre os jovens que estão muito imersos nas redes sociais. "Eles não sabem como agir uns com os outros. É algo distorcido", reclama. A situação de Ben não é isolada, já que muitos de seus amigos tendem a buscar referências e conselhos online, criando um círculo vicioso.

Além disso, a série lida com problemas graves como o vazamento de imagens íntimas sem consentimento, algo que Ben admite já ter presenciado na escola. "Isso é muito comum e teve bastante repercussão entre meus colegas", explica, mostrando o impacto que esses incidentes têm na vida de jovens adolescentes.

Os pais de Ben acreditam que oportunidades para se envolver socialmente e desenvolver uma autoestima saudável são cruciais para combater a influência negativa na vida dos adolescentes. Eles concordam que as redes sociais devem ser vistas como uma extensão da vida real, e não algo separado dela.

Martin e Sophie concluíram que a responsabilidade de enfrentar esses desafios deve ser compartilhada entre pais, escolas e plataformas de tecnologia. O que ressalta o quão urgente é discutir abertamente temas como misoginia e o impacto das redes sociais na formação dos jovens. É um desafio coletivo e, enquanto Ben e seus pais seguem essas conversas, fica claro que a mudança começa em casa.