O bicheiro José Escafura, mais conhecido como Piruinha, foi enterrado na tarde de quinta-feira em um cerimônia marcada por emoção e homenagens no Clube Sambola, em Piedade, Zona Norte do Rio de Janeiro. O evento atraiu uma multidão que não hesitou em se juntar aos aplausos e ao som do samba-enredo da Portela, enquanto familiares e amigos prestavam suas últimas homenagens.

Márcia Escafura, uma das filhas de Piruinha, fez um discurso emocionado: “Nós fizemos de tudo por ele e faríamos tudo de novo. Meu pai, vai com Deus. Estamos unidos, somos da família Escafura”, declarou, sendo ovacionada pelo público presente.

No entanto, a atmosfera da despedida foi marcada pela ausência de Monalizza Escafura, outra filha do contraventor, que se manteve distante durante o sepultamento. Monalizza tem um histórico de problemas legais, incluindo prisão por extorsão e lavagem de dinheiro.

Piruinha, que completou 95 anos, foi um dos mais antigos nomes do jogo do bicho no Rio e, antes de sua morte na quarta-feira devido a complicações de saúde, foi um importante apoiador do carnaval e da música, tendo contribuído significativamente para a indústria do samba, ajudando a lançar diversos artistas no cenário nacional.

Durante a cerimônia, cerca de 30 coroas de flores foram enviadas por amigos e entidades, incluindo as escolas de samba Unidos da Tijuca e Grande Rio, reforçando o legado de Piruinha. Entre os artistas presentes, destacaram-se nomes como Zeca Pagodinho e Alcione, que também enviaram suas homenagens ao contraventor querido na comunidade.

O cantor Xande de Pilares fez uma emocionante fala sobre seu relacionamento com Piruinha, destacando como o bicheiro sempre teve um papel paternal em sua vida. “Quando eu não conseguia me apresentar, ele sempre estava lá para me apoiar. Ele me abençoou e pediu para eu manter o pé no chão”, disse, visivelmente emocionado.

Diversos netos de Piruinha também expressaram suas lembranças e gratidão, ressaltando a amabilidade e o impacto positivo que o avô teve em suas vidas e na comunidade. Júnior Escafura, um dos netos, mencionou a relação especial de Piruinha com sua calopsita “Fato Novo”, que simbolizava seu amor por novidades e a conexão com as pessoas ao seu redor.

Piruinha estava internado devido a uma pneumonia antes de sua morte, que ocorreu um dia após ele receber alta do hospital, e sua saúde já havia sido afetada por um acidente enquanto estava detido, além de problemas cardíacos que culminaram em uma cirurgia.

A trajetória de piruinha no mundo do crime se estendeu por décadas, marcada por prisões e escândalos, mas suas contribuições para o samba e o carnaval foram inegáveis. A sua morte representa não apenas a perda de uma figura polêmica, mas também de um apoiador incansável da cultura carioca. A procura por mais informações sobre seu legado e impacto na sociedade continua, fazendo de seu nome uma história ainda ressoante nas ruas do Rio.