Na última sexta-feira (13), uma audiência tensa na 6ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro trouxe à tona o polêmico caso de plágio envolvendo a famosa música "Million Years Ago", da cantora britânica Adele, e o clássico "Mulheres", do sambista Toninho Geraes. A reunião, presidida pelo juiz Victor Torres, foi marcada pela ausência tanto de Adele quanto de seu produtor, Greg Kurstin, coautor da faixa. A falta dos artistas deixou Toninho Geraes em estado de intensa emoção, resultando em uma crise de choro que exigiu assistência de sua equipe jurídica.

O juiz já havia determinado que a canção de Adele fosse retirada das plataformas digitais, sob pena de uma multa de R$ 50 mil, mas a música continua, surpreendentemente, disponível. A advogada de Toninho, Deborah Sztajnberg, fez críticas contundentes à postura da gravadora, chamando a audiência de "um escárnio total" e expressando a decepção com o tratamento dado ao sambista. Ela afirmou: "Foi imoral. Trata-se de uma gravadora multinacional que acredita que pode ignorar a dignidade de um artista brasileiro."

O desgaste emocional e físico de Toninho Geraes, que está com 62 anos, foi amplamente destacado pela advogada. "Ele foi até lá, desgastado, sem dormir, e o tratamento que recebeu foi desumano", enfatizou Deborah, que espera que a gravadora demonstre respeito ao artista que luta pela sua obra.

A situação se torna ainda mais complexa com a próxima etapa do processo, que envolve uma perícia técnica a ser realizada por uma especialista da Escola de Música da UFRJ. Este laudo será crucial, pois deverá comparar as duas músicas e oferecer um parecer sobre a acusação de plágio, acirrando ainda mais o debate sobre a originalidade e direitos autorais.

Este caso proporciona um alerta importante sobre a proteção dos direitos dos músicos, especialmente em um cenário dominado por grandes gravadoras. A expectativa agora gira em torno do impacto da perícia e de como a gravadora de Adele reagirá diante das evidências.

A luta de Toninho Geraes não é apenas uma batalha individual, mas sim uma representação de muitos artistas que enfrentam desafios semelhantes em um sistema muitas vezes desigual. "Precisamos ser ouvidos e respeitados", disse Deborah, ecoando um sentimento compartilhado por muitos na indústria. Enquanto isso, Adele segue como uma das artistas mais populares do mundo, mas seu nome agora está imerso em um mar de controvérsias e dilemas éticos.