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Ações de bancos argentinos disparam 400% com Milei e superam Itaú e Nvidia; descubra o que está por trás desse fenômeno!

2024-09-24

As ações dos bancos argentinos estão em alta, registrando um impressionante aumento de 400% em um ano, impulsionadas pelas políticas de austeridade e pró-mercado do presidente Javier Milei. Esse crescimento está superando até mesmo gigantes do mercado, como Itaú (ITUB4) e Nvidia (NVDC34), o que levanta questões sobre as razões por trás desse fenômeno.

Um dos destaques desse crescimento é a holding Grupo Supervielle (SUPV), que teve um aumento monumental de 469,50% nos últimos 12 meses. Outros bancos, como Banco Macro (BMA) e Grupo Financeiro Galicia (GGAL), também se destacaram, com altas de 430% e 410%, respectivamente. O Banco BBVA Argentina, por sua vez, teve um crescimento de 300% no mesmo período, de acordo com a TradingView.

Mas o que explica essa monumental alta?

Desde que assumiu a presidência no final do ano passado, Milei adotou uma série de medidas rigorosas para controlar a inflação e estabilizar as finanças do país. Entre essas medidas estão a redução das taxas de juros e o controle cambial, que resultaram em um aumento significativo na oferta de crédito e no financiamento imobiliário. Segundo especialistas, essas mudanças favoreceram a recuperação do setor bancário.

As instituições financeiras argentinas, assim como no Brasil, têm seus lucros atrelados às taxas de juros aplicadas nos empréstimos. Em maio deste ano, as filas nos bancos aumentaram, com os argentinos buscando financiamento com taxas variando de 3,5% a 8,5%, conforme relatado pela Bloomberg.

Pedro Moreira, sócio da One Investimentos, destacou que "o controle cambial e taxas de juros mais baixas criaram um ambiente propício para a população contrair financiamentos imobiliários, resultando no maior volume de tais operações em seis anos". Com isso, os bancos como BBVA Argentina e Galicia estão projetando um crescimento real de 30% nos empréstimos até o final de 2024, enquanto Supervielle e Macro estimam alta de 15% a 20%, conforme dados da revista britânica Euromoney.

Outro fator que contribuiu para a alta dos bancos foi o aumento dos depósitos em dólares. O total de moeda estrangeira depositada nos bancos argentinos saltou para US$ 24 bilhões em setembro, contra US$ 16,5 bilhões em dezembro anterior. Isso proporcionou mais segurança e capacidade para os bancos realizarem financiamentos.

Até recentemente, a população argentina temia a desvalorização cambial e preferia guardar seus dólares em casa, no exterior ou em stablecoins do que deixá-los nos bancos. Agora, com a mudança de cenário, o influxo de dólares está garantindo uma maior liquidez no sistema financeiro.

Além disso, a entrada de investimentos internacionais foi um motor importante para a valorização das ações bancárias, que ajudaram a impulsionar a bolsa argentina em 96% neste ano – um desempenho 40 vezes superior ao do Ibovespa brasileiro. O fluxo de investimento estrangeiro direto na Argentina atingiu US$ 6,5 milhões no primeiro trimestre de 2024, com o setor bancário recebendo uma parte significativa desse total.

Apesar do otimismo, a realidade ainda é desafiadora. No primeiro semestre, os bancos argentinos enfrentaram receitas líquidas de juros (NII) negativas, sinalizando a necessidade de recuperação. Além disso, a instabilidade econômica e a inflação alta continuam a ser grandes preocupações, com a Argentina ainda na classificação de risco 4, segundo a Allianz.

Os especialistas, como Rafael Haubrich da Manchester Investimentos, alertam que tanto fatores macroeconômicos quanto microeconômicos podem impactar os preços dos ativos nos próximos meses, gerando incertezas sobre a sustentabilidade dessa tendência de alta. "A Argentina enfrenta um cenário complexo, e essas pressões podem provocar reações políticas que afetem o governo de Milei e o próprio setor bancário", concluiu.