A Americanas (AMER3), que está em recuperação judicial, divulgou um resultado surpreendente para o terceiro trimestre de 2024 (3T24) na noite anterior, revelando um lucro líquido de R$ 10,3 bilhões. Este valor representa uma reviravolta impressionante, considerando que no mesmo período do ano anterior a empresa registrou um prejuízo de R$ 1,63 bilhão.

A ação da varejista começou a quinta-feira (14) com um salto inicial de cerca de 20% e, ao longo do dia, chegou a registrar uma alta meteórica de 97,62%, alcançando o valor de R$ 6,64. Aparentemente, os investidores foram influenciados pelo sucesso da estratégia de recuperação da empresa, que incluiu uma série de medidas financeiras.

Entre os fatores que contribuíram para esse resultado impressionante, a empresa destacou o “reconhecimento como receita financeira dos ‘haircuts’ gerados no momento da quitação de dívidas concursais com credores financeiros e reversão de juros e atualizações monetárias”. Isso mostra que a Americanas está conseguindo lidar efetivamente com sua reestruturação de dívidas.

Entretanto, a análise da XP aponta que o crescimento ainda é afetado pelo desempenho do canal online, apesar dos níveis de rentabilidade estarem melhorando. O Volume Bruto de Mercadorias (GMV) total teve uma queda de 4% em relação ao ano anterior, com a categoria de e-commerce despencando 49%, enquanto o varejo físico se destacou com um crescimento de 14%.

O setor físico da Americanas se sobressaiu devido a três estratégias principais: 1) a adoção de um modelo de precificação regional focado no produto certo; 2) negociações comerciais que melhoraram as condições e aumentaram o sortimento em categorias de alta demanda, como papelaria e vestuário; e 3) a otimização das lojas, que resultou no fechamento de 21 delas, mas levou a um crescimento de 14% nas vendas das lojas remanescentes.

Além de tudo isso, a margem bruta da empresa aumentou em 2,6 pontos percentuais, impulsionada por uma melhor combinação de produtos e redução de custos. A recuperação foi também favorecida pela quitação das dívidas e um aumento de capital de R$ 24,5 bilhões, que reverteu o patrimônio líquido para um estado positivo de R$ 6 bilhões, uma melhora considerável comparado aos -R$ 30 bilhões do segundo trimestre de 2024.

A posição de caixa líquida agora é de R$ 482 milhões, após uma drástica redução da dívida bruta de R$ 45 bilhões em junho de 2024 para apenas R$ 2 bilhões. Isso é resultado de um cuidadoso reperfilamento das dívidas com os credores.

Apesar dos resultados encorajadores, a Americanas reconhece que ainda há muito trabalho a ser feito para destravar valor na companhia. Entre as prioridades estão: melhorar as vendas por metro quadrado, otimizar estratégias de precificação e logística, desenvolver novos modelos de loja e implementar um controle de estoque mais eficiente, abrangendo 100% dos SKUs operados. Essa trajetória de recuperação tem tudo para continuar, o que pode fazer das ações da Americanas uma das mais promissoras do mercado.