Saúde

A Revolução da Saúde: Como Era o Atendimento Médico Antes do SUS

2025-04-14

Autor: Carolina

Uma Realidade Desigual na Saúde Brasileira

Antes da criação do Sistema Único de Saúde (SUS), os brasileiros que não podiam pagar por consultas médicas tinham acesso extremamente limitado aos serviços de saúde. Não havia convênios médicos, e a assistência dependia totalmente da capacidade financeira da pessoa. Hoje, todos deveriam ter atendimento garantido pelo SUS, independente de classe social.

Experiências de um Médico do Passado

O médico Paulo Buss, que atuou por 58 anos e foi presidente da Fiocruz, viveu de perto essa desigualdade. Nos hospitais filantrópicos da década de 1970, apenas pessoas em situação de vulnerabilidade eram atendidas de forma diferenciada. A ala destinada aos chamados ‘indigentes’, um termo pejorativo da época, recebia pacientes que não podiam arcar com custos hospitalares.

"Esse era um retrato cruel do sistema de saúde. O atendimento era desigual, e até a alimentação dos pacientes variava conforme a condição econômica de cada um", relata Buss, que presenciou a luta pelo acesso igualitário aos cuidados médicos.

A Era do INAMPS: Um Sistema Limitado

Com a criação do INAMPS em 1977, apenas trabalhadores com carteira assinada podiam contar com assistência médica. Rosamelia Queiroz da Cunha, que atuou nesse sistema, afirmava que a exclusão de pessoas sem vínculo formal era uma enorme barreira até o SUS se instituir.

O Impacto do SUS na Saúde Pública

Luiz Antonio Santini, que participou da implementação do SUS, vê a criação do sistema como uma conquista histórica da luta política e social. "Não era uma dádiva, mas o resultado de décadas de mobilização por justiça social na saúde", explica.

Ele lembra de situações caóticas em hospitais que reflectiam a total desorganização do sistema anterior. O Rio de Janeiro, mesmo com uma rede hospitalar desenvolvida, ainda sofria com a falta de coordenação e eficiência nos atendimentos.

Desafios Atuais do SUS

Apesar dos avanços, o SUS enfrenta críticas constantes. Uma pesquisa recente mostrou que a classe C sente os efeitos da espera longínqua por consultas e exames, um desafio que a maioria dos especialistas concorda ser crucial. "Precisamos urgentemente abordar o problema das longas filas, principalmente para atendimentos especializados", julga Paulo Buss.

Josier Vilar, professor e médico, reafirma a importância do SUS, mas destaca a necessidade de um sistema mais transparente e ágil. "Não é aceitável que pessoas, especialmente aquelas com doenças graves, esperem por tratamentos que podem fazer a diferença entre a vida e a morte".

Um Legado em Construção

O SUS não só transformou a medicina no Brasil, mas continua a ser um campo de luta. Apesar de seus desafios, é um marco da inclusão e da justiça social, mostrando que a saúde é um direito de todos.