Negócios

A Revolta Contra os CEOs Misóginos: Por Que É Hora de Acordar

2024-09-23

O empresário Tallis Gomes se tornou o centro das atenções após postar no Instagram a polêmica frase "Deus me livre de mulher CEO". Seus comentários, que incluem a rejeição de "esquerdistas" em sua equipe, revelam uma visão antiquada e misógina do papel das mulheres no ambiente de trabalho, onde ele acredita que uma mulher em posição de liderança perde sua 'essência feminina' e, portanto, deveria se dedicar às suas obrigações familiares.

Gomes discute uma jornada de trabalho de 70 a 80 horas semanais, questionando quem cuidará do lar, do marido e dos filhos se as mulheres estiverem ocupadas com suas carreiras. Essa atitude não apenas reflete uma visão retrógrada da mulher, mas também desencadeou reações imediatas, levando à sua saída da presidência da G4 Educação. A empresa, que se apresenta como uma referência em mentorias, teve que se reposicionar ao nomear uma mulher como nova líder, sinalizando uma clara resposta ao descontentamento público.

É alarmante que um empresário que deveria estar à frente de práticas modernas de liderança não reconheça os benefícios comprovados da diversidade de gênero em cargos de alta gestão. Dados da pesquisa da Ipsos mostram que a presença de mulheres na liderança não só melhora o clima organizacional, mas também leva a melhores resultados financeiros. Mulheres líderes melhoram o engajamento e a motivação das equipes, sendo percebidas como mais justas e inclusivas, especialmente para grupos como LGBTQ+ e minorias étnicas.

Atualmente, mesmo com a gradual ascensão de mulheres a posições de liderança, ainda enfrentamos um abismo de gênero no Brasil, onde cerca de 95% dos cargos de CEO estão nas mãos de homens. Este cenário demonstra que a luta pela paridade de gênero está longe de ser concluída e exige um empenho coletivo.

É um erro pensar que a ascensão feminina no mercado de trabalho prejudica os homens. Na verdade, estudos, como o conduzido pelo pesquisador norueguês Øystein Gullvåg Holter, mostram que onde há mais equidade de gênero, os homens se beneficiam de relacionamentos mais saudáveis e arestas de violência e depressão são suavizadas. Portanto, promover a liderança feminina não é apenas uma questão de justiça, mas uma estratégia inteligente para uma sociedade mais equilibrada.

Portanto, a recente controvérsia envolvendo Tallis Gomes deve nos servir como um chamado à ação. Precisamos urgentemente criar um ambiente mais inclusivo e justo, onde todos, independentemente do gênero, possam prosperar em suas carreiras. A luta por equidade não é apenas uma responsabilidade das mulheres, mas deve ser abraçada por todos nós.