A presença do enviado de Putin pode frear decisões do G20 sobre a guerra
2024-11-12
Autor: João
As expectativas em relação à reunião de Cúpula do G20 no Rio de Janeiro estão baixas, especialmente no que diz respeito a uma declaração forte sobre o término do conflito entre a Rússia e a Ucrânia. A presença do chanceler russo, Sergei Lavrov, enviado do presidente Vladimir Putin, impõe limites ao texto final que está sendo elaborado pelas delegações diplomáticas.
Putin não poderá comparecer ao Brasil devido a uma condenação do Tribunal Penal Internacional por supostos crimes de guerra na Ucrânia. Como o Brasil é signatário do Tratado de Roma, o governo teria a obrigação de prendê-lo caso o dirigente russo chegasse ao país. Assim, Lavrov mantém a posição de Putin, defendendo a anexação de parte do território ucraniano e o veto à presença da OTAN nas fronteiras russas.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve estar no Rio a partir do final desta semana para participar dos fóruns do G20, onde se reunirá com outros líderes mundiais nos dias 18 e 19. Lula já afirmou publicamente que acredita na possibilidade de Putin voltar a participar de eventos internacionais sem o risco de prisão. "Precisamos trabalhar para que essa guerra acabe e que Putin possa circular pelo mundo de forma civilizada", declarou em uma recente entrevista.
O Brasil almeja um papel de mediador nas negociações de paz entre Rússia e Ucrânia, que estão em conflito há mais de dois anos. Lula está se unindo a esforços liderados pela China para promover o diálogo, embora essa abordagem não seja reconhecida pela Ucrânia, que considera o Brasil e a China aliados do Kremlin.
Vale ressaltar que Lula já sugeriu que a Ucrânia poderia aceitar a anexação de partes de seu território pela Rússia como um meio de encerrar o conflito, uma ideia que foi imediatamente rejeitada por Kiev. Essa proposta levanta preocupações sobre a soberania da Ucrânia e a integridade territorial do país.
Além disso, a presença do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, foi confirmada pela Casa Branca, embora sua administração atravesse um período conturbado, com a expectativa de alternância de poder sob a liderança de Donald Trump em um futuro próximo. Trump, que já expressou intenções de reverter várias políticas de seu antecessor e realinhar a posição dos EUA em relação ao G20, poderá marcar uma guinada conservadora nas iniciativas diplomáticas e comerciais. O governo de Trump deve adotar uma postura mais protecionista, o que pode impactar a dinâmica global e as relações internacionais, especialmente em um momento crítico como este, onde as decisões sobre a guerra na Ucrânia estão em pauta.
Com esses elementos em jogo, o G20 se torna um palco crucial não apenas para discutir a crise na Ucrânia, mas também para definir como as potências globais abordarão as próximas tensões geopoliticas e as orientações de política externa.