
A polêmica do 'exame da OAB da medicina': O que está em jogo?
2025-04-07
Autor: Mariana
A proposta de implementação de um exame nacional para médicos tem gerado intensos debates no Brasil. De acordo com a proposta, a aprovação no exame se tornará obrigatória para que os profissionais possam exercer a medicina. Apenas aqueles que forem aprovados conseguirão obter o registro no CRM (Conselho Regional de Medicina) e atuar na profissão.
A decisão é que a prova será aplicada duas vezes ao ano, abrangendo todos os estados e o Distrito Federal, permitindo que os recém-formados realizem a avaliação logo após a graduação. O principal intuito deste projeto é garantir competências mínimas para os profissionais de saúde. A ideia é que o teste avalie conhecimentos teóricos, habilidades clínicas e competências éticas, assegurando um padrão mínimo na formação médica.
Quem está a favor e quem se opõe?
O projeto conta com o forte respaldo do CFM (Conselho Federal de Medicina), que considera a medida essencial para garantir a qualidade dos profissionais e para evitar a entrada de médicos mal preparados no mercado. Francisco Cardoso, vice-corregedor do CFM, argumenta que "muitas faculdades são abertas sem nenhum tipo de controle, afetando diretamente a qualidade dos profissionais aqui formados". Com isso, a proposta se assemelha a um sistema semelhante ao da OAB para os advogados.
Profissionais afirmam que o exame ajudará a controlar a proliferação de escolas médicas sem estrutura adequada, proporcionando maior segurança aos pacientes ao garantir que eles sejam atendidos por médicos qualificados. Angelo Vattimo, presidente do Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo), também defendeu a importância de uma avaliação contínua, sugerindo que os estudantes sejam avaliados ao longo do curso. "Se houvesse provas ao longo da faculdade, poderíamos corrigir o caminho e aprimorar a formação desses profissionais", sugere.
Entretanto, as associações que representam faculdades particulares enxergam a nova exigência como uma barreira de entrada no mercado. Celso Niskier, presidente da ABMES (Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior), afirma que já existem mecanismos de fiscalização que garantem a qualidade na formação médica, acreditando que a aplicação de mais um exame não seria a solução eficaz para os problemas enfrentados no setor.
"A criação de uma nova etapa entre a conclusão do curso e o início do exercício profissional pode ser vista como um obstáculo significativo para os estudantes, que já dedicaram anos ao seu aprendizado", pontua Niskier, questionando a eficácia do teste.
Além disso, o alto custo dos tratamentos médicos e a pressão que uma formação precária pode exercer sobre o SUS (Sistema Único de Saúde) é uma preocupação crescente. Profissionais mal formados podem solicitar exames desnecessários, encarecendo ainda mais a saúde pública.
Qual o futuro da medicina brasileira?
A discussão continua polarizada, com defensores do exame acreditando que ele elevará o padrão da prática médica e críticos levantando preocupações sobre barreiras desnecessárias ao exercício da profissão. A sociedade brasileira observa atentamente, pois a qualidade da formação médica e a segurança dos pacientes estão em jogo.
Nesse cenário, a luta pelo aprimoramento da formação médica no Brasil deve continuar no centro do debate, buscando sempre o melhor para a saúde da população.