Ciência

A Perversão do Sistema Universitário Americano: A Realidade Oculta por Trás das Pesquisas

2025-01-23

Autor: Mariana

Nos últimos dois anos, venho dedicando meus esforços ao desenvolvimento de uma nova teoria unificada sobre a evolução do corpo e do cérebro, tentando explicar a relação entre tamanho, número de neurônios e eficiência energética nas mais diversas espécies de mamíferos e aves. Ontem, finalizei essa teoria, acompanhada de uma equação simples que abrange 90% da diversidade dessas variáveis no planeta.

Porém, a publicação e divulgação dos resultados representam desafios ainda maiores. Apesar da minha satisfação em ter concretizado duas décadas de pesquisa em uma equação quantitativa, esse não é o foco deste artigo.

Desenvolver teorias é uma tarefa que exige análise crítica de dados. Ao contrário do que muitos pensam, esse trabalho não é glamoroso e demanda investimentos financeiros modestos, como acesso a bases de dados científicas, um computador razoável, e ferramentas de análise estatística. No meu caso, também incluo um estoque considerável de cadernos e canetas coloridas. Em resumo, o custo é basicamente o meu salário, que eu, como professor, obtenho através das aulas que leciono.

Aqui entra o verdadeiro problema. Cada vez mais universidades privadas nos Estados Unidos adotam um modelo de administração que se alimenta do financiamento externo obtido por seus pesquisadores. O esquema é simples: para cada US$ 100 mil concedidos pelos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) a um projeto de pesquisa, as universidades arrecadam US$ 52 mil adicionais em taxas administrativas. Essa prática, longe de ser novidade, se perpetuou à medida que as universidades perceberam que podiam transferir a responsabilidade salarial de novos docentes para as verbas de pesquisa que eles mesmos angariam.

Como consequência, muitos recém-doutores, em busca desesperada por posições, concordam com essa exploração. Novos colegas aceitam ser "contratados" com apenas dois meses de salário garantido por ano, enquanto os outros dez meses devem vir do financiamento externo, que é extremamente competitivo: menos de 8% das propostas são financiadas pelo NIH.

Assim, as universidades estão diante de uma verdadeira mina de ouro: a contratação de professores com salários praticamente inexistentes significa a possibilidade de injetar mais US$ 100 mil em projetos de pesquisa, que a instituição não precisa pagar. Se o professor não conseguir financiamento em cinco anos, ele é dispensado e a universidade contrata outro para o mesmo ciclo. Esse modelo não só revela uma falta de ética, como também transforma a academia em um campo obscuro de exploração, onde o propósito de gerar conhecimento genuíno se perde em prol do lucro financeiro.

Embora eu defenda a necessidade de incentivar a produtividade acadêmica com práticas de gestão mais eficientes, tenho visões opostas quanto ao uso da lógica empresarial para promover a pesquisa científica. Transcendendo a visão utilitária do conhecimento, precisamos reconhecer que a ciência não se resume a financiamentos milionários; existem diversas formas de produção de conhecimento que merecem ser valorizadas.

Atualmente, as universidades desejam ciência cara, mas a diversidade de pensamentos e abordagens está em risco. E a insegurança salarial dos novos pesquisadores tem causado perda de saúde mental e bem-estar, com muitos sucumbindo ao estresse e à ansiedade. A busca por uma vaga de cientista em universidades americanas se tornou, neste contexto, um investimento de alto risco. Portanto, se você pretende seguir essa carreira, sugiro que pense duas vezes.