Entretenimento

A Morte Vingativa que Levou Verissimo

2025-09-03

Autor: Pedro

Estava no festival literário Fliparacatu, em uma cidade histórica de Minas Gerais, quando a notícia do falecimento do maior escritor brasileiro vivo chegou até mim.

Luis Fernando Verissimo, um nome sinônimo de genialidade, destacou-se em dois campos: a crônica e o humor. Estranhamente, esses gêneros são frequentemente menosprezados pela crítica acadêmica, algo curioso para um país que se orgulha de ter Machado de Assis como um de seus maiores escritores, mestre desses mesmos estilos.

No dia 30 de agosto, não consegui conter as lágrimas. A ficha caiu e eu repetia para quem quisesse ouvir que Verissimo era realmente o maior.

Ele levou a literatura a um novo patamar ao unir a estética da linguagem à comunicação direta com o público. Sua obra transcendia o mero entretenimento, revelando mensagens políticas e profundas reflexões sobre a vida.

Verissimo acreditava que, antes de qualquer coisa, a literatura deveria elevar a linguagem e afastar o peso da banalidade que se acumula no cotidiano. Em seus textos, essa busca pela perfeição formal era discreta, quase como um violinista que oculta o sofrimento necessário para uma execução impecável.

Além de sua habilidade indiscutível, a produtividade de Verissimo era impressionante. Ele escrevia quatro colunas por semana, além de romances e outros trabalhos. Quando perguntei como conseguia, ele respondeu: "O pânico ajuda muito".

Com um estilo inovador e coloquial, ele conquistou o Brasil, misturando crítica social e um lirismo sutil, sempre com um toque de humor. Sua inteligência textual era incomparável.

Verissimo costumava brincar sobre sua relação com a morte, desejando que ela o esquecesse, mas, como sabemos, isso não aconteceu. A perda de um mestre e amigo dói profundamente, ainda mais ao saber que a morte parece ter vindo com um toque de vingança.

Se tivesse esperado mais alguns dias, ele teria sido agraciado com a condenação de Jair Bolsonaro, seu alvo habitual. Sua caneta teria brilhado em um momento cívico tão importante.

A festa do espírito, abafada por essa tragédia, logo se reerguerá. Meu primeiro brinde, em agradecimento eterno, vai para Luis Fernando Verissimo.