Ciência

A MÁ CIÊNCIA E A AMEAÇA À SAÚDE PÚBLICA: O IMPACTO DAS ANÁLISES INCORRETAS NAS VACINAS

2025-01-21

Autor: Ana

Artigos sem embasamento científico adequado estão contribuindo para a disseminação de informações enganosas sobre os efeitos colaterais das vacinas contra a COVID-19, levando parte da população a hesitar nas campanhas de imunização. É alarmante como o aumento no acesso a dados para pesquisa pode resultar em desinformação científica quando esses dados não são analisados criticamente.

O fácil acesso à informação pode ser uma faca de dois gumes. Embora ajude a disseminar conhecimento, também abre espaço para que análises errôneas se espalhem sem o devido controle. Esta situação se torna ainda mais crítica quando estudos mal feitos são publicados em revistas científicas, levando o público leigo a acreditar que essas publicações possuem validação científica.

O sistema de revisão por pares, que geralmente assegura a qualidade das pesquisas publicadas, enfrenta uma crise. Muitas revistas científicas priorizam lucro em detrimento da qualidade, aceitando artigos mal conduzidos em troca de taxas de publicação. Essa mudança resulta em revisões superficiais, que muitas vezes são realizadas por revisores sem a competência necessária.

Um exemplo contundente é um estudo recente publicado na Frontiers in Medicine, onde os revisores não eram especialistas na epidemiologia da COVID-19 no Brasil. O artigo lançou a hipótese de que as vacinas aumentam o risco de morte por causas não relacionadas à COVID um ano após a infecção, utilizando critérios falhos e sem base científica.

A análise errada da pesquisa baseou-se em dados do sistema de monitoramento da síndrome respiratória aguda grave (SRAG), que não é adequado para examinar as consequências a longo prazo da COVID-19. O verdadeiro banco de dados necessário deveria ser o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), que capta todas as mortes, independentemente da causa.

Dados tendenciosos levam a conclusões erradas, e um dos maiores erros do estudo foi não considerar que a vacinação no Brasil começou apenas em 2021. Portanto, não é válido comparar dados de pessoas infectadas em 2020 com aqueles com vacinação. A comparação deveria ser entre casos sintomáticos no mesmo ano, onde se poderia considerar as condições do sistema de saúde e as medidas de controle da pandemia.

Bons exemplos de pesquisas podem servir para aprimorar a saúde pública, mas quando conclusões incorretas entram em cena, elas podem alimentar campanhas anti-vacinas nas redes sociais. Esse fenômeno destaca a responsabilidade dos pesquisadores e dos editores de revistas científicas em garantir a rigorosidade dos seus estudos.

Erroneamente aceitos e divulgados como evidências válidas, esses artigos geram uma falsa sensação de incerteza sobre a segurança das vacinas, minando assim os esforços de proteção da saúde pública. A má ciência, nesse sentido, transforma-se em uma ameaça séria à saúde coletiva, alimentando a pseudociência e desinformação.

Por fim, a população tem um papel crucial na luta contra a desinformação. Verificar fontes, consultar profissionais de saúde e buscar evidências científicas são passos fundamentais para se proteger da má ciência. A saúde pública depende da nossa capacidade de discernir o que é confiável e o que não é.