A Geleira do Juízo Final: A Última Esperança para Evitar um Grande Colapso?
2024-11-05
Autor: Mariana
Situada na Antártida Ocidental, a temida Geleira Thwaites, conhecida como "Geleira do Juízo Final", desperta preocupações em todo o mundo. Com um tamanho superior ao estado da Flórida, essa geleira atua como uma barreira essencial que protege a camada de gelo da Antártida da invasão de águas oceânicas aquecidas, cuja consequência pode ser uma crise climática sem precedentes, com o aumento drástico do nível do mar.
Atualmente, a Geleira Thwaites já é responsável por cerca de 4% da elevação anual dos oceanos, perdendo anualmente cerca de 50 bilhões de toneladas de gelo.
Um estudo recente, publicado em maio deste ano por especialistas da Universidade da Califórnia, Irvine, e da Universidade de Waterloo, revelou que correntes marinhas aquecidas estão acelerando o derretimento da Thwaites, trazendo uma boa e uma má notícia: a geleira pode estar recuando mais rápido do que se pensava, mas há novas áreas de pesquisa que podem ajudar a prever suas mudanças. Utilizando imagens de satélite de alta resolução, os pesquisadores identificaram as zonas críticas onde as correntes quentes impactam diretamente a geleira.
Christine Dow, glaciologista da Universidade de Waterloo e coautora do estudo, expressou sua preocupação ao afirmar: "Esperávamos que esse processo demorasse de 100 a 500 anos para causar uma perda tão significativa de gelo. Agora, o que tememos é que tudo isso aconteça de forma muito mais rápida."
Novas Perspectivas: A Geleira Pode Não Ser Tão Vulnerável?
Apesar dos alarmantes dados, uma pesquisa realizada em agosto pelas Universidades de Dartmouth e de Edimburgo trouxe uma esperança. O estudo sugere que a Thwaites talvez não seja tão suscetível à instabilidade de penhascos de gelo marinho (MICI) quanto se acreditava anteriormente. A hipótese MICI afirma que penhascos altos formados pela retração das geleiras estão mais propensos a desmoronar, mas os novos dados indicam que o afinamento da Thwaites pode minimizar as taxas de colapso, ressaltando a necessidade de modelos mais precisos para previsões futuras.
A geografia da Geleira Thwaites, localizada na borda da camada de gelo da Antártida Ocidental, a torna especialmente vulnerável ao derretimento provocado por correntes marinhas quentes.
A Geoengenharia é a Salvação?
Diante da possibilidade de um derretimento acelerado com consequências desastrosas, cientistas exploram soluções de geoengenharia para retardar ou impedir a retração da geleira. Em um relatório recente do grupo Climate Systems Engineering Initiative da Universidade de Chicago, a necessidade de pesquisas mais aprofundadas em geoengenharia glacial foi enfatizada. John Moore, professor no Centro Ártico da Universidade de Lapônia e coautor do relatório, destacou: "Serão necessários entre 15 e 30 anos para entendermos o bastante e considerarmos ou descartarmos intervenções em geoengenharia glacial."
Uma proposta intrigante é a construção de "cortinas submarinas", que poderiam barrar parcialmente as correntes quentes antes que elas atingissem a Geleira Thwaites. Essas barreiras seriam feitas de tecidos ou até mesmo bolhas criadas por tubos que bombeariam ar, isolando as águas quentes da geleira.
Os Riscos da Geoengenharia e a Urgência na Redução das Emissões
Entretanto, propostas de geoengenharia enfrentam críticas. Muitos glaciologistas argumentam que essas soluções desviam a atenção do problema principal: a urgência em reduzir as emissões de carbono. Gernot Wagner, economista climático da Columbia Climate School, alerta que essas alternativas podem nos fazer esquecer do verdadeiro desafio. Para ele, a geoengenharia poderia atuar apenas como um “analgésico” temporário, enquanto devemos focar em medidas mais eficazes para a diminuição das emissões.
Em tempos em que a mudança climática se torna cada vez mais iminente, a questão sobre como lidar com a Geleira do Juízo Final e suas implicações é mais relevante do que nunca. O futuro das nossas cidades costeiras, ecossistemas e vidas está nas cordas, e o tempo para agir está se esgotando.