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A Estratégia de Kamala Harris em Meio ao Conflito em Gaza: Um Desafio nas Eleições contra Trump

2024-11-04

Autor: Lucas

A corrida presidencial nos Estados Unidos esquentou com os candidatos Kamala Harris e Donald Trump voltando suas atenções para os estados-chave, conhecidos como estados-pêndulo, que podem garantir a vitória nas eleições desta terça-feira (5).

Kamala Harris desembarcou na Filadélfia, Pensilvânia, acompanhada de ícones como Oprah Winfrey e Lady Gaga, buscando mobilizar seu eleitorado. Em contrapartida, Donald Trump se concentrou em sua campanha em três estados cruciais: Pensilvânia, Carolina do Norte e Michigan.

De acordo com o professor de Geopolítica Pablo Ibáñez, da UFRRJ, ambos candidatos estão adotando abordagens bastante agressivas, uma vez que, segundo as pesquisas, estão tecnicamente empatados. Enquanto Trump tenta atrair eleitores que não compareceram às eleições anteriores, Kamala busca recuperar a confiança do público árabe, que se mostrou desiludido com os democratas devido à postura de Biden em relação ao Oriente Médio.

"As ações recentes no Oriente Médio, especialmente em Gaza, complicam a posição de Kamala, pois muitos eleitores árabes se sentem traídos pela falta de uma resposta mais firme do governo Biden diante da violência", observa Ibáñez. Ele acrescenta que a resposta de Biden, que só mudou de postura no início deste ano devido à pressão pública, não foi efetiva.

A crítica à direção democrata é acentuada quando se considera a percepção do público árabe em relação aos dois eventos trágicos que impactaram a região: os conflitos em Gaza e as tensões em outras áreas como o Líbano. "A confiança nos democratas diminuiu substancialmente, pois eles não demonstraram uma postura ativa diante dos abusos", afirma Ibáñez.

A Pensilvânia, sendo o estado com mais delegados, se transformou no epicentro das campanhas. O professor pontua que, além de ser vital para o número de delegados, o estado foi o local de um ataque contra Trump em julho, um evento que poderia ter gerado ainda mais simpatia e apoio se não fosse a entrada de Kamala na disputa, que recuperou o ânimo de seus apoiadores.

"Há uma quantidade incomum de incertezas para os candidatos este ano. A importância dos delegados da Pensilvânia, somada a um cenário de polarização crescente, torna tudo ainda mais imprevisível", afirma Ibañez.

Embora Trump tenha perdido as eleições em 2020, ele ainda mantém uma base forte de apoio, baseada em um sentimento antissistema que ressoou com grande parte do eleitorado. Mesmo enfrentando desafios legais, Trump se apresenta como o candidato que está pronto para desafiar as estruturas estabelecidas, uma proposta que continua a atrair eleitores frustrados.

Essa escolha entre os dois candidatos reflete muito mais do que uma corrida eleitoral, mas um embate entre ideais e promessas que podem moldar o futuro dos Estados Unidos, especialmente em tempos de tumulto internacional. Enquanto isso, Kamala terá que navegar habilidosamente entre suas alianças e uma administração que pode estar se tornando um fardo em sua busca pela presidência.