A Corrida do Ouro Climático: A Remoção de Carbono do Céu em Alta
2024-12-25
Autor: Ana
Recentemente, Bill Gates encontrou-se em Londres com alguns dos indivíduos mais ricos do mundo, como Jeff Bezos, fundador da Amazon, e Masayoshi Son, da SoftBank, para discutir investimentos em tecnologias que combatem as mudanças climáticas. Entre as empresas em sua mira, quatro se destacam devido ao seu audacioso objetivo de remover dióxido de carbono da atmosfera e ainda obter lucro.
À medida que as emissões de poluição continuam a aquecer o planeta, o setor financeiro acelera seus investimentos na emergente indústria de remoção de carbono. A expectativa é que, além de proporcionar um benefício ambiental significativo, esse setor seja uma mina de ouro financeira.
Embora a tecnologia ainda não tenha sido amplamente testada, seu conceito tem um apelo imediato: remover o dióxido de carbono que aquece o clima parece não apenas lógico, mas essencial. Com um número crescente de empresas dispostas a pagar por soluções neste nicho, os investidores estão em uma disputa feroz para se posicionar neste mercado que, acreditam, rapidamente crescerá e se tornará vital na luta contra o aquecimento global.
Desde 2018, as startups focadas na captura de carbono conseguiram arrecadar mais de 5 bilhões de dólares, uma quantia impressionante considerando que antes não havia investimentos significativos nesta área. Damien Steel, CEO da Deep Sky, uma das novas empresas do setor, afirmou: 'É a maior oportunidade que vi em 20 anos de capital de risco. Os ventos favoráveis para esta indústria são muito mais fortes do que em muitas outras que já analisei.'
O grupo de Bill Gates, conhecido como Breakthrough Energy Ventures, tem sido um dos principais apoiadores das mais de 800 startups dedicadas à remoção de carbono que surgiram nos últimos anos. Além de investidores de capital de risco do Vale do Silício, estão presentes grandes corporações, como a United Airlines.
Atualmente, mais de 1.000 grandes empresas têm se comprometido a eliminar suas emissões ao longo das próximas décadas. Entre elas, gigantes como Microsoft e Google já se comprometeram a investir 1,6 bilhões de dólares na compra de créditos de remoção de carbono, um aumento significativo em relação ao que era investido anteriormente. Projeções indicam que os gastos com remoção de dióxido de carbono podem atingir até 10 bilhões de dólares no próximo ano!
Apesar desse mar de dinheiro, muitos cientistas alertam para o fato de que a remoção de carbono ainda não terá um impacto considerável nas temperaturas globais a curto prazo. Atualmente, existem apenas algumas dezenas de instalações operando, sendo que as maiores ainda capturam apenas uma fração dos poluentes que produzimos diariamente. A verdadeira questão é se podemos escalar esta tecnologia a um nível que faça sentido.
Os críticos da indústria, incluindo o ex-vice-presidente Al Gore, levantam sérias preocupações quanto à eficácia das tecnologias atuais de captura. 'Não vamos fingir que isso estará disponível a tempo para reduzir as emissões', disse Gore. Muitos especialistas apontam que a solução eficaz para o aquecimento global passa por parar imediatamente de queimar combustíveis fósseis.
Enquanto isso, a remoção de carbono - uma subcategoria da geoengenharia - tem atraído investimentos significativos com a promissora possibilidade de um futuro a longo prazo de redução das emissões de gases do efeito estufa. Alguns especialistas acreditam que mesmo após a eliminação de novas emissões, ainda será necessário remover carbono da atmosfera para estabilizar a temperatura global.
Por outro lado, críticos alertam que essa busca por remoção de carbono pode desviar a atenção do que realmente precisa ser feito: cortar emissões. 'A captura de carbono vai aumentar a produção de combustíveis fósseis, isso não ajuda em nada o clima', diz Mark Z. Jacobson, professor da Universidade de Stanford.
Atualmente, grandes empresas como Stripe e J.P. Morgan estão comprometendo mais de 1 bilhão de dólares na remoção de dióxido de carbono, impulsionadas não apenas por uma responsabilidade ambiental, mas também pela visão de um mercado emergente do qual podem lucrar no futuro.
O governo dos EUA também está dando suporte a essa indústria, com a Lei de Redução da Inflação aumentando significativamente os créditos fiscais para captura de carbono. No entanto, a realidade é que a oferta atual ainda é insuficiente para atender a crescente demanda, com apenas 4% das compras sendo realizadas efetivamente.
Capturar e sequestrar dióxido de carbono atualmente pode custar até 1.000 dólares por tonelada, um investimento ainda alto para a maioria das empresas. O resultado dessa 'corrida do ouro' climática ainda está por ser visto, mas para aqueles que apostam neste setor, o potencial de retorno é inegável.
'Certamente teremos alguns grandes vencedores nesse espaço', afirmou Clay Dumas, cofundador da Lowercarbon Capital. O futuro da remoção de carbono está em expansão, mesmo que com desafios à frente. A pergunta que resta é se essa nova indústria conseguirá prover as soluções necessárias para um planeta em crise.